A produção da cultura do milho para silagem depende da segurança para a produção de alimento com volume e qualidade, portanto, o híbrido precisa ser o mais estável possível para a região ou local para o qual está posicionado.
Uma silagem de qualidade é resultado de uma lavoura de milho produtiva com plantas de boa sanidade foliar, que se desenvolveu em condições ambientais adequadas, com manejo agronômico apropriado e com um bom histórico de bromatologia na região. Na escolha do híbrido, é fundamental atentar para as seguintes características:
Produtividade de grãos com estabilidade é resultado da adaptação e posicionamento correto do híbrido para a época e região. Além disso, a boa sanidade foliar e o bom manejo da lavoura maximiza a produção de grãos e da planta.
Produtividade de matéria seca de planta inteira acima de 20 t/ha, geralmente tem alta participação de grãos na massa ensilada (45 a 50% do peso seco), sendo de fundamental importância para o sistema, otimiza custos e recursos do produtor.
Como é preferencial a adoção de híbridos de porte mais alto, é muito importante atentar para a tolerância ao acamamento e quebramento, caracteristica ligada à capacidade de produção de raízes da planta, pois muitas vezes os solos de silagem possuem maior nível de compactação devido ao intenso trânsito de máquinas e falta de cobertura vegetal (palhada). Ou seja, resumindo, o híbrido a ser semeado para produção de silagem precisa apresentar boa sanidade foliar, qualidade de colmo e bom desenvolvimento radicular.
A qualidade forrageira é proveniente da digestibilidade da fibra (DFDN) que interfere na ingestão de matéria seca. Não Existem diferenças entre os híbridos no que se refere a este quesito em termos genéticos, época de colheita e de manejo da lavoura. Para isto, torna-se necessário obter um banco de análises bromatológicas por híbrido na região para facilitar esta seleção. Segundo Shaver, R., a cada 1% de aumento na DFDN, podemos obter 250g de leite a mais por vaca/dia. Os valores ideiais de %DFDN48hs estão acima de 60% nas análises bromatológicas.
A qualidade energética da silagem está diretamente ligada à produção de grãos. Os grãos possuem em sua constituição cerca de 70% de amido. Cerca de 65% da energia da silagem provém do amido, e nas análises bromatológicas é importante se obter índices acima de 30% de amido na MS da silagem nos híbridos.
As condições ambientais interferem não só na produtividade da planta em grãos e matéria seca, mas também na qualidade forrageira. O crescimento e desenvolvimento da planta de milho são determinados pela temperatura, umidade e radiação solar e, por isso, o híbrido deve ser adaptado para a época de plantio da região em que a lavoura será conduzida.
Sabemos que a planta de milho produz bem em regiões com amplitude térmica, com temperaturas em torno de 28ºC e 30ºC durante o dia, e à noite com o mínimo de 18ºC, porém, de acordo com Hollinger, S. E. & Angel J. R. (2009), as temperaturas limite denominadas como máximas e mínimas absolutas são:
A disponibilidade de água ideal para a boa produção da cultura deve estar em torno de 500 a 600 mm, sendo o ponto crítico da cultura a época do florescimento, onde a exigencia neste período é elevada (7 a 10mm/dia) e não pode faltar umidade no solo.
No que se refere à interferência do ambiente na qualidade forrageira, a luz, a temperatura e a água interagem em vários estágios de desenvolvimento da planta, por exemplo: estresse causado por excesso de chuva e com pouca luminosidade provoca “reforço” entre lignina e hemicelulose.
Este reforço da lignina provoca uma queda na digestibilidade da fibra da silagem, reduzindo a qualidade forrageira. Em condições de chuva limitada e alta luminosidade, a planta tende a não crescer muito e a fibra tende a ter melhor digestibilidade pela dificuldade de deposição de lignina na parede celular devido dependência da água.
Dias nublados na fase vegetativa promovem estiolamento das plantas, redução do diâmetro do colmo, reduzindo sua digestibilidade por menor relação medula x casca com maior acúmulo de lignina. Interfere também na qualidade energética da silagem pela redução do peso de grãos, causando redução no percentual de amido.
A equipe técnica da Pioneer sempre é consultada sobre estratégias para aumentar o rendimento de grãos ou volume de silagem em lavouras de milho. Na tentativa de aumentar a produtividade, muitas vezes os produtores buscam por receitas prontas relacionadas ao aumento de fertilizantes e/ou outras tecnologias, porém, é importante considerar que os principais fatores de rendimento de grãos são: correta deposição da semente no solo, adequado contato entre solo x semente, e ambiente favorável ao desenvolvimento radicular, conforme citado por Nafziger (2004).
Estes são os requisitos básicos e fundamentais para um adequado estabelecimento e desenvolvimento das plantas, além disso, proporcionam a produção de uma espiga rentável. Nielsen (2012) cita como fatores essenciais para emergência uniforme das plantas: o calor, a umidade e o contato adequado da semente com o solo.
A operação de plantio, do manejo da palha ao fechamento do sulco, não se trata somente de distribuir a semente e o fertilizante na lavoura. A operação de plantio é onde tudo começa, por isso, requer atenção especial.
Um plantio de qualidade garante o estabelecimento de plantas na população adequada para cada híbrido e também a uniformidade do estande. Isto se reflete em produtividade com bom volume de biomassa, elevada participação de grãos e, consequentemente, elevada qualidade nutricional de silagem.
São inúmeros os mecanismos de abertura e fechamento do sulco, e para o adequado alojamento da semente é fundamental a formação do leito onde a mesma será depositada, além disso, a exposição do solo ao sol eleva a sua temperatura e favorece a germinação uniforme.
A profundidade de deposição da semente deve ficar entre 4,0 e 7,5 centímetros, dependendo, principalmente, da umidade e da textura do solo. O mínimo de 4,0 cm deve ser atendido devido ao desenvolvimento adequado do epicótilo, onde serão emitidas as raízes nodais ou verdadeiras. A uniformidade de deposição das sementes, também conhecida como coeficiente de profundidade, é um ponto importante na uniformidade de emergência das plantas e consequentemente na produtividade final da lavoura. A profundidade das sementes não pode ter mais que 20% de variação em cm.
Além da profundidade correta da semente, é fundamental atentar para distância entre a semente e o fertilizante quando colocado na operação de plantio. A posição do adubo em relação à semente deve ser de 5 cm ao lado e 5 cm abaixo.
No campo, é importante estar atento para a distribuição adequada das sementes na linha de plantio, pois a distância correta entre elas resulta no seu melhor desenvolvimento.
Em lavouras com espaçamento reduzido, observa-se que a planta de milho parece se desenvolver de forma mais confortável, em função da distribuição das plantas ter uma tendência a ser mais uniforme, o que, por sua vez, favorece a interceptação da luminosidade.
Quanto menor o Coeficiente de Variação (% CV), mais adequada é a distância entre as plantas e maior será a uniformidade das plantas e espigas. O CV adequado é menor que 25% de variação entre a distância das plantas. Para se ter uma idéia da importancia do percentual do coeficiente de variação, segundo estudos, a cada 10% de CV, se perde aproximadamente 1,5 sacas/ha ou 90Kg/ha grãos ou 180Kg/ha de matéria seca de silagem.
Esta avaliação tem sido muito utilizada para medir a qualidade da distribuição de plantas. Um coeficiente de variação baixo é resultado do ajuste correto do mecanismo de distribuição ou dosador das sementes, e também da velocidade de deslocamento do conjunto (trator + semeadora) durante a operação.
O arranjo espacial e a população de plantas são a forma como as plantas serão distribuídas na lavoura. Estudos comprovam que a planta de milho atual responde bem em espaçamento reduzido.
A população de plantas deve ser a recomendada para o híbrido que está sendo semeado na região e deve estar de acordo com a disponibilidade de água e nutrientes.
Em lavouras de verão com boa fertilidade de solo, adubação e fornecimento de água adequados, podem ser utilizadas populações superiores, com consequente aumento de produtividade. Porém, em épocas tardias ou safrinha ou mesmo condições de fertilidade mais baixa, as melhores respostas tem sido com populações menores para reduzir a competição por água e/ou disponibilidade de nutrientes.
Em trabalhos de pesquisa conduzidos em conjunto com a Fundação ABC, foi comparada a interação de três espaçamentos e três populações de plantas para avaliar a produção de Matéria Seca (MS) e a qualidade bromatológica.
Os resultados mostraram um ganho em rendimento de MS na medida em que a população de plantas foi aumentada e o espaçamento entre linhas reduzido. Já os valores de qualidade bromatológica não foram influenciados negativamente pelo espaçamento e nem pela população.
Tabela 1. Relação do arranjo espacial e população de plantas no resultado de matéria seca.
Na produção de forragem, todo nutriente extraído é exportado para fora da área, por isso, as adubações de manutenção e reposição são fundamentais para a continuidade do processo e são baseadas na extração de nutrientes e não de exportação como normalmente é feita para grãos.
Em muitas situações, a disponibilidade de área para produção de silagem é limitada e o produtor precisa obter o máximo de produtividade com qualidade na área disponível. Para isso é necessário um monitoramento constante todos os anos através da análise do solo.
Na exploração de pecuária intensiva, há produção elevada de dejetos animais, o que favorece a reciclagem de nutrientes através da aplicação de estercos e compostos. De acordo com Pauletti (2004), em cada metro cúbico de esterco líquido de bovinos há, em média,1,4Kg de N, 0,8 Kg de P2O5 e 1,4 Kg de K2O. O uso de estercos na adubação pode, e muito, reduzir o custo com fertilizantes com o tempo e o acúmulo.
Em estudo realizado na Pioneer da Austrália, foi possível observar a exigência nutricional das plantas de milho para níveis crescentes de produtividade tanto em grãos como em silagem (tabela 2) e que, para maiores rendimentos em silagem, é necessário o fornecimento de uma fertilização condizente com a expectativa de produção que se pretende atingir.
Tabela 02. Relação da exigência nutricional e a produtividade alcançadas.
A tabela 2 mostra a resposta da adubação nitrogenada no rendimento de MS nas três populações de plantas avaliadas. Para o incremento de MS, uma população de 60.000 plantas por hectare é o mínimo aceitável no verão e também já é uma realidade na safrinha.
Para saber mais, escute o episódio sobre as cinco fases da silagem, no nosso podcast, o Agro Em Foco.
Artigo revisado por: Dimas Cardoso
HOLLINGER, S. E. & Angel J. R. Illinois Agronomy Handbook. 24th Edition. Illinois: University of Illinois,Champaign-Urbana, 2009. NAFZIGER, E. Illinois Agronomy Handbook. 24th Edition. Illinois: University of Illinois, Champaign-Urbana, 2009.
NIELSEN, R. Comunicação verbal. 2012.
PAULETTI, V. Nutrientes Teores e Interpretações. 2ª Edição. 2004
SHAVER, R. (2012)