Consequências do Excesso de Chuva e Temperaturas Baixas nas Fases Iniciais do Milho

Plantação de milho com o céu azul
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Introdução

Desde o planejamento dessa safra de verão estamos convivendo com a influência do fenômeno “el niño” sobre o clima. Basicamente os volumes de chuva estão sendo muito elevados e ainda contam com o agravante da concentração de chuvas em poucos dias. Além disso, estamos observando problemas como baixa temperatura, falta de luminosidade e alta umidade do ar. Todos esses fatores podem ser influenciadores da entrada de doenças e ataque de pragas. Outro complicador são as chuvas de granizo que, dependendo da fase que a cultura se encontra e da agressividade das pedras, podem gerar danos bastante graves. Neste artigo, pretendemos alertar para algumas situações que julgamos ser bastante importantes nesses períodos, e fazer algumas recomendações.

No gráfico 1 podemos comparar a precipitação pluviométrica média em mm, entre a média dos últimos oito anos com a deste ano. Podemos ver claramente que o mês de julho foi muito atípico, chovendo cerca de 120 mm a mais que a média dos últimos 8 anos, que é de 191 mm. Um detalhe muito importante pode ser percebido no mês de outubro, que nos 15 primeiros dias já choveu a média histórica do mês inteiro. O problema é que em apenas dois dias (08 e 09 de outubro), choveu quase 150 mm. Esta concentração de chuvas pode trazer impactos grandes para as áreas nos estágios iniciais da cultura. Outro ponto relevante é que dependendo do tipo de solo podemos ter uma grande lixiviação de Nitrogênio que poderá faltar nos estágios mais avançados da cultura.

Gráfico, Gráfico de barras

Descrição gerada automaticamente


Outro ponto importante são as temperaturas mínimas muito baixas para esse período. No gráfico 2, retirado do site do INMET, podemos ver a temperatura média nos últimos 30 dias na região de Passo Fundo/RS. A temperatura da planta basicamente é a mesma do ambiente que a envolve. Em temperaturas abaixo de 10ºC, o milho praticamente pára o seu desenvolvimento e a produção de compostos metabólicos, que em alguns casos são responsáveis por conferir a resistência da planta às pragas e às doenças. Além disso, existem algumas doenças como o Phytium que são muito favorecidas com condições de baixa temperatura e alta umidade do solo, podendo gerar mortes prematuras de plantas nas fases iniciais bem como problemas sérios de colmo no enchimento de grãos.

Gráfico, Gráfico de barras

Descrição gerada automaticamente

Aliado às baixas temperaturas e dias nublados, também estamos observando sequencias de dias com umidade relativa muito alta. No gráfico 3, retirado do site do INMET, podemos ver a umidade relativa média nos últimos 30 dias na região de passo fundo. Esses três fatores associados influenciam a infecção de doenças foliares como a Mancha de Turcicum. Essa doença pode antecipar sua infeção na planta e se o controle não for igualmente antecipado podemos perder o estágio ideal do controle.

Uma imagem contendo Linha do tempo

Descrição gerada automaticamente

 

Em caso de granizo, é preciso fazer uma avaliação muito detalhada da lavoura. O recomendado é não tomar nenhuma decisão logo após o fenômeno, mas sim deixar passar de 2 a 5 dias para a tomada de decisão. Com o auxílio de tabelas como esta, abaixo, podemos ter uma estimativa do dano máximo em cada fase da cultura do milho.

Tabela

Descrição gerada automaticamente

Com as características de clima citados acima, fazemos um alerta aos produtores para que façam o monitoramento da lavoura para as seguintes situações:

1. Nitrogênio:

Dependendo do solo, da expectativa de produtividade e da quantidade de chuva recomenda-se um reforço na dose de cobertura;

2. Fungicida:

Dependendo da situação recomenda-se antecipar a aplicação de fungicida com o uso de produtos que conferem maior proteção para a planta;

3. Inseticida:

Intensificar o manejo e, atingindo o nível de controle, fazer a aplicação de inseticida.

4. Danos por granizo:

Avaliar a área após 2 a 5 dias e com o auxilio da tabela de danos tomar a decisão. Se o potencial da lavoura que ficou, for maior que o prejuízo, deve-se optar pela condução da lavoura.

Sobre o autor

Fabricio Bona Passini

Gerente de Agronomia na Pioneer®

 

Referências