Mais uma safra de Soja se inicia em nosso país sob instabilidades do clima e da economia. Como somos um dos principais protagonistas no mercado desta cultura, devemos produzir com excelência.
A excelência conta com um manejo de pragas bem feito, e este é parte de todo o sistema, ainda mais quando se trata de áreas em que se produzem soja e cultura de safrinha, pois algumas destas pragas possuem hábito polífago, se alimentando de diversas culturas.
O monitoramento para identificação da praga, seu nível populacional e de dano é uma das principais ações dentro do manejo adequado. Além disso, a dessecação antecipada, quando necessária com o uso de inseticidas registrados, é muito importante por reduzir fonte de alimentação e população das pragas-alvo.
Dentre as pragas, aquelas subterrâneas, que atacam a cultura, principalmente em sua fase inicial, se tornam ponto de atenção. Neste ano, com instabilidades no clima, causadas pelo fenômeno do El Niño, houve seca nas regiões do Centro Norte, o que faz aumentar a atenção às pragas subterrâneas pelo favorecimento que algumas podem ter a partir destas irregularidades.
Apesar da plasticidade das plantas de soja – a capacidade de se expandir sobre o espaço deixado por falhas ou perdas de plantas – o stand adequado é fator importante para boas produtividades, variando entre cultivares, ciclo, hábito e adaptabilidade local.
Esta lagarta tem seus danos bem visualizados principalmente em áreas com baixa umidade no solo (veranicos ou estiagens), em áreas de solo leve e em períodos de calor elevado. Além disso, é notável seu ataque em áreas em seus primeiros anos de cultivo, como ocorre nas áreas de fronteiras agrícolas.
Atacando o coleto da planta, abre uma galeria no mesmo – obstruindo a passagem de nutrientes e água, levando à seca e consequente morte da planta. Durante o ataque à plântula, é fácil a visualização de seu casulo, formado ao lado do orifício de entrada, formado principalmente por partículas do solo.
Como ferramentas para o manejo, há o uso de tratamento de sementes com produtos registrados, a correta dessecação da área, uso de biotecnologia, controle de plantas voluntárias e o uso de plantio direto. Se necessário, a pulverização noturna com alto volume de calda pode ser uma alternativa, ainda que com menor eficácia, devido ao posicionamento da praga na planta.
As espécies de lagarta rosca atacam as lavouras no período noturno, cortando o caule das plantas, gerando a morte das mesmas. Durante o dia, normalmente se encontram enroladas sob a palhada ou solo, daí sua nomenclatura.
Seu manejo é realizado com o uso de tratamento de sementes, dessecação adequada da área, uso de biotecnologia e, caso necessário, pulverização com inseticidas, no período noturno.
Normalmente, a lagarta Agrotis ípsilon é a mais encontrada, entretanto, é possível encontrar outras espécies que causam o mesmo dano, como a lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) e Feltia (Agrotis) subterranea, que em seu dorso apresenta listras inclinadas semelhantes ao rodado de um trator.
Estes insetos se alimentam das raízes das plantas de soja, principalmente durante seu estabelecimento. Os danos nas plantas podem ser desde desenvolvimento retardado e amarelecimento, à murcha e consequente morte, observada principalmente em casos de ataque elevado e baixa umidade de solo.
As larvas destes insetos são encontradas apenas enterradas no solo, com coloração branca, mas seus adultos são encontrados facilmente em revoadas atraídos pela luz durante o período chuvoso, assim como os orifícios que fazem no solo.
Seu manejo engloba um solo adequado, com boa fertilidade e sem compactação, além do uso de inseticidas registrados via tratamento de sementes e até uso de armadilhas luminosas.
Estes besouros podem atacar as plantas de soja com maior intensidade no início do desenvolvimento, através de desfilamento dos tecidos (caule e folhas), podendo causar o anelamento da haste principal e consequente tombamento e morte da plântula, além da alimentação do interior da parte atacada pelas larvas, levando ao enfraquecimento, quebra e morte.
Seu manejo inclui o uso de tratamento de sementes com inseticidas registrados e aplicação aérea de inseticidas em casos de ataque elevado.
Este inseto ataca as raízes, sugando sua seiva, o que leva ao amarelecimento, desenvolvimento retardado e até secamento das plantas afetadas.
É encontrado mais facilmente em áreas com solos degradados, como o caso de algumas áreas oriundas de pastagens mal manejadas – o que deve ser um ponto de atenção para as fronteiras agrícolas, que convertem pastagens em área de lavoura. Seus adultos possuem um odor característico, percebido em áreas de preparo convencional de solo ou em contato com suas revoadas, nos períodos de maior umidade.
Seu manejo inclui a adequação da data de plantio, o bom manejo e adubação do solo, e apenas em casos de áreas conhecidamente de alta infestação, o uso de inseticidas no sulco de plantio.
Outras pragas também podem ser encontradas atacando plântulas de soja, como piolho-de-cobra, caracóis e lesmas (estes 2 últimos moluscos) que, em sua maioria, apresentam hábitos noturnos e durante o dia ou em período de menor umidade permanecem sob o solo ou palhada. Durante o dia, pode-se verificar a presença do rastro brilhante deixado por lesmas e caracóis, a partir do muco liberado.
Destes, pode-se visualizar com frequência a ação de lesmas, que raspam cotilédones, haste e até folhas jovens, podendo causar dano ao ponto apical, morte da planta e consequente redução de stand.
O controle químico de lesmas e caracóis é feito com produtos a base de metaldeído, muitas vezes em forma de iscas e com aplicação com máquinas que podem ter baixo rendimento operacional em grandes áreas.
Há também os nematoides, que em soja são subterrâneos, e muitas vezes não são identificados e têm seus danos confundidos com outros fatores.
Como mencionado anteriormente, uma das principais ferramentas no manejo de pragas subterrâneas é o uso de tratamento de sementes, com uso de diversos produtos registrados. Os principais produtos são oferecidos via TSI (Tratamento de Sementes Industrial) que combina, dentre diversos benefícios:
- Agilidade no momento do plantio
- Menor risco da operação (tanto dos operadores quanto da mistura de cultivares)
- Certeza do uso do produto e dose correta, pelo uso de equipamentos de alta tecnologia.
Para maiores informações sobre o TSI e um dos produtos oferecidos, acesse outras publicações de nosso blog:
- Tratamento de Sementes Industrial versus Tratamento de Sementes On Farm
Lucas Silvestre de Melo
Ex-Coordenador de Agronomia e atual Gerente de Marketing & Sales Effectiveness na Pioneer®
EMBRAPA. Tecnologia e Produção: Soja 2013/2014. Capitulo 6. Pragas da soja e seu controle.
GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002. 920 p
PORTAL PIONEER. Qualidade do Tratamento Industrial de Sementes.