O Brasil é o terceiro país do mundo em área plantada de milho, com um total de 15,5 milhões de hectares (CONAB, Jun/2015). Nossa produtividade de milho cresceu a uma taxa de 5,5% ao ano nos últimos 38 anos.
Esses valores de produtividade foram conseguidos com a conjunção de diversos fatores, dentre os quais: novos híbridos com maior potencial produtivo, aprimoramento das práticas de cultivo, equipamentos de semeadura de maior precisão, produtos químicos para proteção de cultivos com maior especificidade e eficácia, mapeamento de áreas e solos, rotação ou sucessão de culturas, fertilização adequada, dentre outros.
Vamos tratar do primeiro fator citado, referente aos novos híbridos com maior potencial produtivo. Esse é o foco principal da pesquisa genética da Pioneer® no mundo inteiro.
Até o final do século 19, a cultura do milho era realizada exclusivamente com o uso de sementes de variedades de polinização aberta. A prática utilizada era de selecionar as melhores espigas para a semadura da safra seguinte. Esse foi o primeiro método de melhoramento de plantas utilizado que, apesar do direcionamento correto, era pouco eficaz em ganhos de produtividade.
No início do século 20, foi descrito o método do milho híbrido, que possibilitou um salto significativo na produtividade da cultura. Esse sistema é utilizado até hoje e possibilitou grande parte dos ganhos genéticos atuais do milho.
A produção de grãos de uma planta é o resultado de um conjunto de fatores internos e externos à planta. O melhoramento de plantas tem como objetivo criar novas combinações gênicas que melhorem a resposta da planta ao ambiente e maximizem a produção de grãos.
O primeiro fator é o potencial produtivo intrínseco. Uma planta de milho somente produzirá grãos até o limite do seu potencial genético, por melhores que sejam as condições de ambiente que estejam disponíveis. Esse potencial é definido pela constituição genética da planta, que se expressa através de efeitos individuais e interações entre diversos genes. O milho híbrido se beneficia de um efeito chamado heterose. A heterose, ou vigor híbrido é o ganho em produtividade resultante da interação entre duas linhagens parentais distintas. Esse é o grande diferencial de um milho híbrido em comparação com uma variedade de polinização aberta.
O potencial produtivo de uma planta de milho é construído ao longo de vários anos de melhoramento. Os ganhos em produtividade não são conseguidos instantaneamente, mas pela somatória de vários ciclos de seleção. Daí a importância de um banco genético diversificado e de alcance global.
Atualmente a cultura do milho para grãos no Brasil apresenta uma produtividade média de 5.200 kg/ha, considerando-se todos os ambientes e tecnologias de cultivo utilizados. Existem relatos de lavouras comerciais no Brasil próximo de 300 sacos/ha (18.000 kg/ha), o que mostra que com a tecnologia atualmente disponível é possível atingir níveis bem acima da média nacional. O recorde de produtividade atual nos EUA é de 527 sacos/ha, (31.623 kg/ha).
Outro fator de importância é a adaptação ambiental, ou interação genótipo-ambiente. Um híbrido que tenha uma adaptação muito específica com um ambiente, terá menores chances de mostrar boa performance em ambientes distintos. Isso é bem entendido se considerarmos que as condições ambientais, mesmo em um único local e estação do ano, variam consideravelmente de um ano para outro. Para melhor avaliar o comportamento de híbridos de milho a diversos ambientes, o programa de melhoramento genético testa diversos híbridos experimentais em diferentes locais por diversos anos. Essa rede de avaliação possibilita uma seleção mais efetiva com base no comportamento dos híbridos às diversas condições em que foram expostos.
Um terceiro fator de importância é a reação do híbrido à doenças. A ação de patógenos em um híbrido de milho pode ser prejudicial a ponto de comprometer em grande escala a produtividade e qualidade de grãos. Um híbrido de milho com maior resistência às principais doenças da cultura apresenta mais estabilidade de produção e segurança para o produtor.
A ocorrência de doenças no milho é condicionada por três fatores:
Patógeno: existência do patógeno no local
Hospedeiro: reação do híbrido de milho ao patógeno
Ambiente: condição ambiental favorável ao patógeno
A combinação desses três fatores determina a ocorrência e severidade da doença na planta.
Os programas de melhoramento de milho da Pioneer® tem um foco muito forte na seleção de linhagens e híbridos de milho com resistência a doenças para os variados ambientes de cultivo do Brasil. Em suas estações de pesquisa, a Pioneer® avalia fontes de resistência genética às doenças e através de tecnologias de marcadores moleculares, mapeia e disponibiliza para uso em novos híbridos. Essas fontes de resistência podem estar disponíveis no germoplasma em uso no país ou serem incorporadas através de introduções do banco genético da Pioneer® mundial.
Um outro fator a ser considerado é a resposta do híbrido à fertilidade do solo. Híbridos de potencial produtivo elevado possuem uma alta resposta à disponibilidade de nutrientes do solo e revertem em produtividade.
Para produzir fotoassimilados que constituem os grãos, a planta de milho necessita de uma proporção de macro e micro nutrientes, que farão parte dos processos bioquímicos da fotossíntese. Esses processos são responsáveis pela conversão de carbono, oxigênio, hidrogênio e outros elementos em amido, proteínas e outros compostos da planta.
Os híbridos de milho diferem bastante quanto à capacidade de extrair e utilizar os nutrientes do solo. Através do melhoramento genético essa capacidade pode ser aprimorada e as produtividades aumentadas, com maior retorno aos agricultores.
A somatória de todos esses fatores determina a estabilidade do produto, que é definida como a capacidade de um híbrido produzir grãos ou massa verde a um nível satisfatório em condições variadas de ambiente. O grande desafio da pesquisa em melhoramento genético é conciliar todos esses fatores de forma a maximizar a produtividade, mantendo a adaptação geográfica e um bom nível de resistência à doenças.
Além dos fatores já citados, outras características são importantes em um híbrido de milho moderno. Plantas de porte baixo e inserção de espigas abaixo do meio da planta são desejáveis em um híbrido de milho. Esses fatores estão relacionados à maior capacidade das plantas suportarem populações mais altas por área, que tem uma correlação alta com produtividade. Outro fator importante que é uma tendência na cultura do milho é a precocidade. Híbridos que terminam o ciclo produtivo mais rapidamente são preferidos pela maoria dos produtores por utilizarem menos tempo uma área agrícola e possibilitarem um uso mais intensivo da propriedade.
Como foi exposto, um híbrido de milho moderno possui um conjunto de características de produtividade e defensividade em equilíbrio, maximizando o rendimento do produtor e minimizando o risco da cultura no campo.
A pesquisa genética da Pioneer® vem trabalhando há diversos anos em vários países com o objetivo de incorporar em seus híbridos as características mais favoráveis possíveis, com adaptação às mais diversas condições ambientais e necessidades de produto dos agricultores nos países onde atua.
Jerson Grieco Moreira da Silva
Gerente de Produto da Pioneer®