Por que adotar o Sistema de Combinação de Híbridos?

Lavoura de milho com luz do sol
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Introdução

A produtividade de milho alcançada pelos produtores tanto na safra verão quanto safrinha vem se elevando a cada ano. Isto se deve principalmente aos maiores investimentos em fertilidade, manejo e genética. Por outro lado, os desafios são maiores a cada safra, principalmente os relacionados ao clima, doenças e pragas. 

As condições climáticas de uma região compõem uma importante variável na produtividade de um híbrido, uma vez que cada ano se apresenta com características diferentes, como excesso ou falta de chuvas, temperaturas altas ou baixas, etc. 

Além de sua influência direta, o clima é um fator que pode aumentar a incidência de pragas e doenças, implicando assim, no comprometimento da produtividade final. 

O Sistema de Combinação de Híbridos (SCH) foi desenvolvido pela Pioneer®, levando em consideração todas as possíveis variações de clima, solo, finalidade de uso e aspectos limitantes da cultura do milho. 

Tecnicamente, o SCH consiste em diluir, em diferentes percentuais, os 3 pontos básicos da cultura do milho: potencial produtivo, precocidade e defensividade, características genéticas presentes em cada híbrido para, desta forma, obter maior estabilidade e segurança na lavoura. 

Mas como definir, na prática, os 3 pontos básicos da cultura do milho? 

Potencial produtivo: é o potencial genético que um híbrido possui que expressa a sua capacidade de produção (desde que posicionado em ambiente correto e submetido ao manejo adequado);

Precocidade: é o período de tempo, em função da soma térmica, que cada hibrido exige para que o grão chegue a maturidade fisiológica; 

Defensividade: é a capacidade que um híbrido tem de tolerar as situações adversas, principalmente aquelas ligadas às doenças, pragas e aos estresses ambientais. 

O Sistema de Combinação de Híbridos ajuda a diluir riscos, principalmente os relacionados ao clima (que estão fora do alcance do agricultor interferir) ao combinar híbridos com características agronômicas distintas. É uma estratégia interessante de ser utilizada tanto na safra como na safrinha, em lavouras destinadas à produção de milho ou silagem.

Mas por que o agricultor deve apostar no SCH?

Primeiro: porque a produtividade é definida por uma interação entre a genética do híbrido e o ambiente. 

Segundo: porque não é possível prever todas as condições ambientais que ocorrerão durante a safra. 

Terceiro: porque também não conseguimos prever quais doenças ocorrerão, sua intensidade e em qual momento da cultura. 

Quarto: porque não existe um híbrido perfeito que se adeque a todas as condições ambientais que podem ocorrer ao longo das safras. 

No gráfico 1 fica fácil compreender o que ocorre com a média de produtividade quando combinados híbridos 

marca Pioneer® com diferentes características agronômicas no sistema de produção, ao longo de várias safras (safra e safrinha), em comparação à escolha de um único híbrido. 

Gráfico 1. SCH X plantio de um único híbrido 

De uma forma bastante simples, a produtividade pode ser definida como uma equação em que há soma de 3 fatores: a genética do híbrido, o manejo adotado pelo agricultor e o ambiente onde o híbrido está sendo cultivado. 

PRODUTIVIDADE = Genética + Manejo + Ambiente 

Nessa equação, o produtor tem a opção de intereferir em 2 fatores: na escolha do híbrido, ou seja, na genética, e no manejo que ele irá adotar nas lavouras. O ambiente fica fora do alcance da interferência do agricultor. 

Falando em ambiente, podemos fazer uma análise do histórico das condições ambientais da safrinha dos últimos 18 anos, no norte do PR e SP (quadro 1). 

ANO AMBIENTE PERFIL DO HÍBRIDO

ANO                  AMBIENTE PERFIL DO HÍBRIDO                                              
1999  Geada / Doenças  Defensivo / Precoce
2000 Geada / Qualidade de Grão Defensivo / Precoce
2001 Doenças Defensivo 
2002 Seca Defensivo
2003 Excelente Produtivo
2004 Geada / Falta Luz / Doenças / Qualidade de Grãos Defensivo 
2005 Seca Defensivo
2006 Seca Defensivo
2007 Seca / Geada Defensivo
2008 Seca / Geada / Doenças Produtivo / Defensivo / Precoce 
2009 Seca / Geada / Doenças / Qualidade de Grãos Defensivo / Precoce
2010 Seca / Qualidade de Grãos Defensivo / Precoce
2011 Seca / Vento / Geada / Qualidade de Grãos Defensivo / Precoce
2012 Seca / Geada / Falta Luz / Doenças / Qualidade de Grãos Defensivo
2013 Seca / Geada / Vento / Falta Luz / Doenças / Qualidade de Grãos Produtivo / Defensivo /Precoce 
2014 Seca / Vento / Percevejo / Falta Luz Produtivo / Defensivo
2015 Época de Plantio / Percevejo / Vento / Qualidade de Grãos Produtivo / Defensivo
2016 Geada / Época de Plantio / Percevejo / Seca Início / Qualidade de Grãos Produtivo / Defensivo / Precoce 
2017 Geada / Qualidade de Grãos / Veranicos Início / Percevejo / Cercospora Zeina / Mancha Branca / Turcicum

Produtivo / Defensivo / Precoce

 

Quadro 1. Histórico das condições predominantes da Safrinha, Norte do PR e SP.

No quadro 1, é possível observar que a cada ano as condições ambientais são diferentes, o que acaba dificultando as previsões das condições de clima que ocorrerão. 

É importante que o produtor tenha um histórico, inclusive da propriedade, pois assim é possível identificar a tendência de perfil de híbridos a utilizar. Nas nas duas últimas safrinhas, nas regiões analisadas no quadro 1, o perfil de híbridos foi: teto produtivo, defensivo e precoce.

Análise de cenários

Em Angatuba-SP, no mês de janeiro, fevereiro e março, as chuvas foram abaixo da média dos últimos 6 anos. No mês de abril e maio, praticamente não houveram chuvas (gráfico 2). 

Gráfico 2. Precipitação (mm), Safrinha 2018, Angatuba-SP 

A cultura do milho têm seu período mais sensível 15 dias antes do florescimento e entre 10 e 15 dias após. Dessa forma, lavouras semeadas no final de janeiro coincidiram o período mais sensível da cultura com o mês de março, onde houveram chuvas – ainda que abaixo da média –, o que deu às lavouras condições de se desenvolverem normalmente.

Já lavouras semeadas no final de fevereiro e início de março tiveram seu período mais sensível, provavelmente, no mês de maio, quando não houveram chuvas na região. Estresses como este, podem causar severa diminuição da produtividade. 

Em um cenário de semeadura de milho verão, com semeadura em setembro, onde o agricultor teria a opção de semear 4 híbridos para fazer o Sistema de Combinação, utilizando desde híbridos superprecoces, como é o caso do P1630, até híbridos de ciclo maior, como o 30F53, e ocorresse uma situação de estresse hídrico no mês de novembro, o que aconteceria? 

Nesse caso, o estresse hídrico coincidiria com o período sensível dos superprecoces, o que implicaria em uma redução de produtividade, porém, os híbridos de ciclo maior teriam escapado desse estresse. (imagem 1). 

Imagem 1. Combinação de Híbridos, Safra Verão 

Em um segundo cenário, se o período de estresse ocorresse em dezembro, os híbridos de ciclo maior, como o 30F53, sofreriam maiores perdas, enquanto que os superprecoces teriam escapado (imagem 1). 

Vejamos algumas situações de problemas que ocorreram na safrinha 2018 e que podem ter seu risco diluído com o SCH: 

1. Altas temperaturas

Estresse hídrico, como ocorreu na última safrinha, aliado a altas temperaturas na fase próxima ou durante o florescimento, podem causar inviabilidade dos grãos de pólen emitidos pelo pendão da planta, e não haver janela de fornecimento de pólen pelo período necessário para que haja a completa fecundação de todos os óvulos da espiga. Isso levará a falhas de granação e consequente redução na produtividade. 

A cultura do milho precisa de uma janela de exposição ao pólen de, pelo menos, 6 dias (imagem 2).

Imagem 2. Janela de exposição de pólen 

Espiga presa 

Em 2018, além do estresse hídrico, muitas lavouras apresentaram um sintoma conhecido como “espiga presa”. Essa ocorrência está associada a aplicação de fungicidas com ou sem adjuvantes em períodos anteriores ao florescimento (entre V12 e o pré-pendoamento). 

A aplicação de determinados fungicidas, em um ano como foi a safrinha 2018, com altas temperaturas e estresse hídrico, causou a paralização do desenvolvimento da espiga do milho. Quando há inviabilização da espiga, não há produção de grão algum. (imagem 3).

Imagem 3. Sintoma associado à aplicação de fungicidas entre V12 e VT. Foto: Ronaldo Gonzaga 

Para mais informações sobre o sintoma da espiga presa clique aqui (artigo em inglês).

2. Atrasos na colheita

Outro fator de risco que o SCH pode ajudar a diluir é o atraso na colheita, pois ao adotar o Sistema, o produtor que planta 3 ou 4 híbridos na sua propriedade, com ciclos e características diferentes, estará escalonando o período de colheita também. 

E por que isso é importante? 

Após a maturidade fisiológica do milho, enquanto permanece no campo esperando a colheita, há uma perda de peso nos grãos em torno de 300 Kg por hectare, por semana de atraso na colheita (gráfico 3).

Gráfico 3. Efeitos do atraso na colheita do milho 

Ao escalonar o período de colheita, o agricultor evita que a cultura, após a maturidade fisiológica, fique um período muito longo no campo. 

Em resumo...

É importante que o agricultor tenha em mente que o SCH é uma ferramenta que: 

• Não tem custo; 

• Ajuda a diluir os riscos;

• Ajuda a escalonar colheita; 

• E aumenta a segurança na condução das lavouras. 

A Pioneer® dispõe de um portfólio completo de híbridos de milho que permite a realização do Sistema de Combinação de Híbridos ideal para a propriedade do agricultor brasileiro. Procure o Representante Comercial da sua região para mais esclarecimentos sobre quais híbridos utilizar na sua propriedade. 

Dúvidas sobre o Sistema de Combinação de Híbridos? Utiliza o SCH na sua propriedade? Entre em contato com o nosso time para sanar suas dúvidas!

 

Artigo originalmente publicado em 08/06/2018

Sobre o autor

Ronaldo Luiz Gonzaga Freitas

Agrônomo de Campo Sementes da Corteva Agriscience™