27/10/2015

Adubação de Sistema

Something went wrong. Please try again later...
Adubação de sistema

Introdução

A vegetação de Cerrados tem a segunda maior formação vegetal brasileira, ficando atrás apenas da Floresta Amazônica. Sua área de aproximadamente 204 milhões de hectares (IBGE, 1993) abrange 15 estados e o Distrito Federal, ocupando aproximadamente 22% do território brasileiro. A área do cerrado brasileiro possui cerca de 50 milhões de hectares com potencialidade para a agricultura mecanizada intensiva, desde que as limitações físicas e químicas sejam superadas (Blancaneaux et al., 1993). Esta região de importância estratégica para a produção de alimentos vem ganhando cada vez mais espaço na produção agrícola brasileira, contribuindo com cerca de 50% da produção de soja, 30% de milho, 18% de arroz, 18% de feijão e 40% do total do rebanho nacional. A existência de duas estações bem definidas e a incidência de veranicos na estação chuvosa, associadas à baixa fertilidade natural do solo, rico em ferro e alumínio, são as principais dificuldades que devem ser enfrentadas para o aproveitamento agrícola intensivo da região.

O manejo adequado das adubações envolve um complexo processo de tomada de decisão, onde estão envolvidas as características do solo e da planta, o clima, o tipo de manejo e rotação/sucessão de culturas, os aspectos gerenciais da propriedade e as condições do mercado de insumos e produtos. Ponderados todos esses aspectos, parte-se para a definição das fontes e doses dos nutrientes a serem aplicados, definem-se as épocas e formas de utilização dos corretivos e fertilizantes, e desenham-se as estratégias e o plano de adubação. Portanto, o manejo da adubação do milho safrinha deve levar em consideração o contexto em que se insere essa cultura.

A sucessão de culturas soja - milho representa o principal sistema de produção de grãos das regiões agrícolas. A soja domina como principal cultura de verão, e o milho vem ocupando um grande espaço como a melhor alternativa de segunda safra. O avanço tecnológico e a adaptação de novos materiais garantem, a cada ano, avanços significativos nos patamares de produtividade da cultura.

Em áreas com solos de boa fertilidade ou corrigidos, com teores de nutrientes entre adequados e altos, as respostas do milho safrinha à adubação têm sido baixas, sobretudo após a soja. Com exceção do nitrogênio, recomenda-se somente a reposição dos demais nutrientes, calculada pela expectativa de exportação.

Nos últimos anos, a cultura do milho vem sofrendo uma forte transformação com o uso de cultivares de soja mais adaptados a cada região produtora, se antecipou o plantio da cultura e se passou a utilizar cultivares com ciclos mais precoces. Com isso, os produtores estão colhendo mais cedo e, consequentemente, plantando o milho safrinha com uma janela mais ampla, proporcionando um melhor aproveitamento de água das chuvas neste período, e elevando os níveis de adubação.

Desta forma, vem se procurando e adaptando novos sistemas de adubação e fertilidade, como a adubação de sistemas e o consórcio do milho com plantas de cobertura, que vem fazendo crescer o conceito de adubar o sistema como estratégia de manejo da fertilidade do solo, onde o foco recai sobre a manutenção das melhores condições do solo para fornecer nutrientes às plantas em detrimento da adubação focada nas culturas individualmente.

O consórcio com plantas de cobertura tem elevado significativamente os teores de matéria orgânica do solo, com impactos positivos na dinâmica de água e nutrientes nesses solos. A planta de cobertura consorciada favorece ainda a ciclagem de nutrientes, mantendo-os no sistema em formas acessíveis à cultura de verão, levantando questionamentos sobre a possibilidade de concentrar maiores quantidades de fertilizantes nas culturas de safrinha como estratégia de adubação de sistemas.


O ponto de partida para um projeto consistente de adubação do sistema é uma boa análise do solo. Primeiro é preciso saber como está a fertilidade e, se necessário, equilibrar os nutrientes. Depois, é só cuidar da manutenção destes elementos, evitando que o solo se desgaste a cada colheita. Cada planta que emerge do solo é um indicador biológico de uma situação específica da presença ou não de nutrientes. O colchão, a berneira e a mamona indicam falta de potássio; o rubin, solo extremamente fértil; o picão, bons níveis de potássio; a guanxumba, solo compactado; a tiririca e capim carrapicho, solos ácidos com deficiência de cálcio e magnésio, e com drenagem deficiente; e a buva revela falta de biomassa (matéria orgânica), indicando que o solo está recebendo muita luz e aquecimento.

O sistema também depende, de acordo com professor Fancelli, da reposição contínua de resíduos, determinando um bom volume de palhada sobre o solo. Ainda precisamos de estudos minuciosos de como seria a liberação dos nutrientes presentes na palhada, por consequência da sua decomposição, para que tivéssemos fluxos adequados de ofertas de elementos para as plantas, no sentido de que, em determinados momentos, ela não tivesse dificuldade para encontrar o que precisa no solo. Quanto mais matéria orgânica sobre o solo maior será a sua capacidade de absorção de água. Não adianta ter adubo no solo se não tiver atividade biológica.

Quando o solo está bem estruturado a adubação de sistema tem maiores chances de sucesso. Adubar o sistema é necessário ter em mente que requer plantio direto bem feito, com rotação de culturas, inserção de gramíneas no sistema, plantas de cobertura como crotalária, milheto, nabo forrageiro entre outras espécias importantes de cada região, para que possa ter rotação de raízes onde a mesma explore profundidades diferentes, auxiliando a parte física do solo no rompimento de camadas compactadas e químicas, buscando Potássio lixiviado para camadas mais profundas e, por outro lado, o Fósforo – elemento móvel nas plantas – que estava em superfície possa ser redistribuído através das raízes em profundidades no solo, assim como os demais nutrientes importantes para as plantas. A adubação de sistema nada mais é do que manter o solo em equilíbrio, fazendo com que as culturas do sistema estejam em condições de expressar seu potencial produtivo.

Dúvidas sobre adubação de sistema? Já utiliza este sistema? Compartilhe conosco a sua experiência e não deixe de tirar suas dúvidas e nos mandar seu comentário sobre a publicação.

Sobre o autor

Hugo Leonardo Marques de Oliveira

Coordenador de Agronomia da Pioneer®

 

 

Referências

EMBRAPA. Correção de solo e Adubação no Sistema de Plantio Direto nos Cerrados. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPS/11219/1/doc_46_2003.pdf>, acesso em 26 de outubro de 2015

GRUPO CULTIVAR. Uso racional de água e resíduos sanitários no TO. Disponível em <http://www.grupocultivar.com.br/site/content/artigos/artigos.php?id=446>, acesso em 26 de outubro de 2015

FUNDAÇÃO MS. Manejo da Adubação do Milho Safrinha. Disponível em: <http://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/146/146/55ad609d99d8c870d1432afa6a875e06d3cda4a5ab6bb_capitulo-01_manejo-e-adubacao-do-milho-safrinha.pdf>, acesso em 26 de outubro de 2015

COAMO. Adubação de Sistema. Disponível em: <http://www.coamo.com.br/jornalcoamo/out09/digital/adubacao.html>, acesso em 26 de outubro de 2015