Segundo Bianco (1997), a disponibilidade de alimento proporcionado pelo monocultivo em grande escala, condições climáticas favoráveis à praga e o desequilíbrio biológico agravado pelo uso inadequado ou por produtos químicos não seletivos, tem contribuído para que os insetos atinjam o status de praga.
O ataque inicial de lagartas no milho tem como principal dano a perda de plantas, principalmente pelo corte da mesma. Na última safra verão no sul do Brasil, houve uma forte pressão de Lagartas do Cartucho atacando as plantas de milho rentes ao solo, ocasionando sérias perdas em muitas lavouras. Este tipo de ataque também é um hábito das Lagartas Rosca e do Trigo. Na maioria dos casos do Sul, as lagartas já se encontravam em estágio de desenvolvimento muito avançado (> 3 cm), o que pode evidenciar que seriam lagartas remanescentes na área, ou seja, já estavam presentes antes do plantio.
Este ano já temos relatos de Helicoverpa presente em nabo forrageiro, por isso, a necessidade de monitorar a lavoura antes do plantio e adotar práticas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) que assegurem o bom estabelecimento da cultura. É fundamental que nossas ações para controle de insetos-praga estejam alinhadas com o conceito e bases do MIP, através da associação de diferentes formas de manejo (cultural, biológico, químico e biotecnologias).
O manejo de lagartas começa pelo monitoramento e acompanhamento da lavoura antes da dessecação da área. No momento em que constatamos a presença de lagartas, uma opção é a aplicação de inseticidas fisiológicos para controlar as de menor ínstar. Como a dessecação é realizada de forma antecipada, as lagartas maiores irão pupar no solo até o momento do plantio, completando seu ciclo. Caso este tipo de manejo na dessecação não se tenha sido realizado, outra opção seria o chamado “manejinho” pré-plantio, ou seja, se realizarmos o monitoramento poucos dias antes do plantio e constatarmos a presença de pragas, teríamos a opção de efetuar uma aplicação pré-plantio justamente para promover a “limpeza” de insetos-pragas na lavoura.
Muitas vezes temos dificuldade de encontrar as pragas na lavoura, principalmente devido a sua alta dispersão e por ficarem escondidas sob as plantas no solo ou restos de cultura, o que também dificulta a eficiência da aplicação que não consegue chegar ao alvo. Assim, a associação de um Tratamento de Semente (TS) específico contribui muito no controle inicial de pragas e garante um melhor estabelecimento das plantas.