Ano após ano, a safrinha de milho vem se tornando uma atividade cada vez mais importante. Com área estimada em 8,13 milhões de hectares em 2015, este sistema produtivo vem tomando força, embora a forte influência de inúmeros fatores como logística, mercado, instabilidade política, câmbio, dentre outras tornam o cenário da cultura extremamente desafiador da porteira para fora das propriedades. A melhor alternativa para contornar e/ou amenizar a influência destes fatores é, da porteira para dentro, buscar a excelência na atividade visando explorar o máximo do potencial genético da cultura.
Um dos desafios encontrados dentro das fazendas é o manejo das doenças que acometem à cultura. Doenças foliares que reduzem a taxa fotossintética, doenças que atacam o colmo levando ao acamamento, até doenças que atacam as espigas e os grãos, cada qual com sua particularidade e diretamente ligadas as interações da tríade ambiente, patógeno e hospedeiro fazem com que, em hipótese alguma, possamos generalizar uma estratégia de manejo que venha de maneira global a atender todas as necessidades.
O sucesso no convívio com esta adversidade parte do planejamento agrícola da propriedade. A primeira questão a ser definida é “Quanto eu quero produzir?”. Respondida essa pergunta, inicia-se a definição das estratégias que serão tomadas. Definir os híbridos explorando a combinação de produtos que atendam às janelas de semeadura, abertura, meio e fechamento é essencial. Nas janelas de abertura e meio de semeadura há naturalmente um maior potencial produtivo, assim, deve-se optar por híbridos com maior potencial genético; para o fechamento, híbridos mais rústicos e tolerantes a estresses ambientais; ou seja, o híbrido certo para o hectare certo. Estas diferenças devem ser respeitadas no manejo das doenças, a mesma estratégia nem sempre terá sucesso para todas as situações dentro de uma mesma propriedade, portanto, precisamos do pleno entendimento da reação dos híbridos às doenças de maior evidência em nossas regiões.
O ambiente é o principal fator que determinará a ocorrência de doenças na cultura do milho. No Brasil Central temos ocorrência de diferentes doenças em detrimento da altitude e temperatura locais. A alta incidência de pinta branca (Phaeosphaeria maydis) percebida no sudoeste goiano, não é vista no estado de Mato Grosso, por exemplo, onde temos pouca ou nenhuma expressão deste patógeno. Assim, devemos estar atentos às peculiaridades de cada microrregião para adotar a correta ação de manejo, associando o uso de híbridos tolerantes e épocas de semeadura com o manejo químico.
Para o posicionamento de híbridos na janela de plantio é fundamental observar a interação do patógeno com o ambiente, evitando a exposição do híbrido em estádios críticos no momento em que o ambiente esteja favorável ao desenvolvimento de determinado agente patogênico. A incidência de Diplodia sp. nos grãos, por exemplo, pode ser evitada ao posicionarmos híbridos suscetíveis em uma janela de plantio mais tardia, evitando assim a exposição ao excesso de umidade no momento do “silk”, reduzindo a possibilidade da infecção da doença.
Partindo para a adubação, o balanço nutricional equilibrado fornece às plantas uma melhor predisposição a ação dos patógenos, com evidência principalmente à relação Nitrogênio/Potássio (N/K). Uma adubação com uma boa relação N/K confere melhor estruturação das paredes celulares e tecidos mais lignificados. Tecidos mal nutridos ou excessivamente tenros devido ao desbalanço, são mais facilmente colonizados por doenças. O estado nutricional das plantas está diretamente relacionado com a severidade das doenças. Em lavouras mal nutridas, quando os patógenos condenam a área foliar, a planta busca energia de suas reservas, no caso do milho, o colmo, que ficará enfraquecido, podendo levar ao acamamento.
O manejo químico das doenças tem influência direta em todas as variáveis citadas anteriormente. A aplicação de fungicidas na cultura do milho safrinha é uma prática já muito bem difundida. Uma, duas ou três aplicações, dependendo da situação, são práticas bastante comuns quando o objetivo é o máximo potencial produtivo. Todavia devemos estar atentos a algumas questões no momento de posicionar o controle químico das doenças: