Considerando os critérios de essencialidade dos nutrientes, não é possível classificar um elemento como mais ou menos importante, pois cada nutriente desempenha um papel específico e é demandado em quantidades e momentos distintos. Nesse sentido, pode-se diferenciar os nutrientes apenas quanto à sua exigência em maior ou menor quantidade. No cultivo de cereais, o nitrogênio é o nutriente mais requerido e, ao mesmo tempo, um dos principais fatores limitantes da produtividade. No caso do milho, o nitrogênio é considerado o segundo fator mais impactante, ficando atrás apenas do clima.
A alta demanda por nitrogênio está diretamente relacionada ao papel essencial desse elemento na formação de aminoácidos, proteínas, enzimas e clorofila, além de sua participação na síntese de hormônios e outros componentes-chave para os processos fisiológicos das plantas. O milho, em particular, é uma cultura altamente exigente em nitrogênio: em média, para cada tonelada de grãos colhidos, são removidos entre 17 kg/ha e 23 kg/ha de nitrogênio. Assim, a suplementação desse nutriente é indispensável para atender às necessidades da cultura, especialmente em solos com baixa disponibilidade natural de nitrogênio.
Durante o ciclo do milho, a demanda por nitrogênio é especialmente elevada em fases críticas, como o crescimento vegetativo até o florescimento, período em que até 70% do nitrogênio necessário para o ciclo da cultura é exigido. Após o florescimento, durante o enchimento de grãos, cerca de 30% do nitrogênio total é requerido, momento em que o acúmulo de biomassa e a síntese de compostos estruturais atingem o auge. Dessa forma, garantir a oferta adequada de nitrogênio ao longo de todo o ciclo é um dos maiores desafios de manejo, considerando que a eficiência dos fertilizantes nitrogenados pode ser comprometida por diversos fatores.
Compreender os fatores de perda do nitrogênio é fundamental para o manejo eficiente desse nutriente. As perdas mais significativas incluem lixiviação, desnitrificação e volatilização, as quais podem ser intensificadas por condições climáticas adversas, características do solo, modo de aplicação e tipo de fertilizante utilizado.
No caso de fertilizantes à base de ureia, a volatilização é um risco comum quando a ureia não é incorporada ao solo ou quando não ocorre precipitação logo após a aplicação. Além disso, o nitrogênio na forma de nitrato (NO3-) é especialmente vulnerável à lixiviação e à desnitrificação, evidenciando a importância de adotar estratégias para mitigar essas perdas e aumentar a eficiência do uso do nitrogênio.
Definição: perda de nitrato (NO3-) que é transportado pela água do solo para profundidades abaixo da zona de absorção radicular da cultura (Figura 1).
O risco de lixiviação é tipicamente maior durante o verão, quando as chuvas são geralmente mais intensas e o N aplicado fica mais suscetível à perda por lixiviação.
Figura 1 - Processo de lixiviação | Fonte: adaptado de Mark Jeschke.
o 1ª: oxidação da amônia (NH3) em nitrito (NO2-);
o 2ª: oxidação do nitrito em nitrato (NO3-).
o Temperatura do solo: a nitrificação é um processo biológico e, por isso, altamente afetado pela temperatura. O processo é maximizado quando a temperatura do solo se eleva acima dos 24 ºC e vai diminuindo à medida que a temperatura vai caindo, cessando quando a temperatura do solo fica abaixo dos 4 ºC.
o Umidade do solo: tanto a água quanto o oxigênio são necessários para a nitrificação; condições de umidade e oxigenação semelhantes àquelas que são consideradas ideais para as plantas são também ideais para ocorrer a nitrificação. Condições de umidade excessiva desfavorecem a nitrificação: uma saturação de água acima dos 60% limita o processo de nitrificação.
o O pH do solo: a faixa de pH ideal para a nitrificação é entre 6,5 e 8,8. A nitrificação é reduzida em solos ácidos ou muito alcalinos.
Definição: perda de N para a atmosfera na forma de gás N2O ou N2 (Figura 2).
A desnitrificação (Figura 2) ocorre em solos saturados. As maiores perdas de nitrogênio por desnitrificação geralmente ocorrem no início do ciclo de cultivo, uma vez que as precipitações são frequentes e a absorção do nitrogênio aplicado é baixa, pois as plantas ainda não têm o sistema radicular totalmente desenvolvido.
Figura 2 - Processo de desnitrificação | Fonte: adaptado de Mark Jeschke.
Definição: perda de ureia aplicada superficialmente no solo para a atmosfera na forma de gás - amônia (NH3) (Figura 3).
Adubos orgânicos e fertilizantes contendo ureia os quais não são incorporados durante preparo do solo ou precipitação pluviométrica, em um curto espaço de tempo após a aplicação.
Figura 3 - Processo de volatilização | Fonte: adaptado de Mark Jeschke.
Autor: Mark Jeschke. Traduzido e adaptado por Rafael Assis, Fábio Amaral e Jefferson Cunegundes (time de agronomia Corteva Agriscience).
Uma suplementação bem manejada não só eleva os índices de produtividade, mas também contribui para a sustentabilidade do sistema produtivo, reduzindo impactos ambientais e maximizando o retorno econômico ao produtor.