• O quebramento e o tombamento de plantas são responsáveis por grandes perdas na produção de milho;
• Atualmente, a cigarrinha-do-milho é considerada uma praga-chave na cultura do milho, devido ao seu potencial de transmissão de patógenos responsáveis por severos danos econômicos;
• Os enfezamentos favorecem a entrada de outras doenças na planta, como os fungos de colmo Fusarium e Pythium (doenças de colmo), ocasionando tombamento e quebramento de plantas, o que inviabiliza a colheita e, consequentemente, reduz a produtividade;
• Os enfezamentos podem reduzir a produção de grãos em mais de 70%;
• A implementação isolada de um único método de controle não assegura um manejo eficaz do inseto-vetor e das doenças.
O quebramento e o tombamento de plantas são responsáveis por grandes perdas na produção mundial de milho, pois dificultam ou até inviabilizam o processo de colheita.
O tombamento pode ser definido como o estado permanente de modificação da posição do colmo em relação à sua posição original, resultando em plantas recurvadas. Já o quebramento é o rompimento físico do colmo, que ocorre quando a estrutura não suporta mais o peso ou outras pressões externas.
Esses fenômenos, isolados ou combinados, afetam diretamente o potencial produtivo da lavoura e, na maioria das vezes, são potencializados pela presença de doenças, como o complexo de enfezamentos do milho, cujo principal vetor é a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).
Atualmente, a cigarrinha-do-milho é considerada uma praga-chave na cultura do milho, devido ao seu potencial de transmissão de patógenos responsáveis por grandes danos econômicos, como os enfezamentos e o vírus da risca.
A cigarrinha-do-milho é um inseto sugador. Os adultos apresentam coloração amarelo-palha, medem de 3,7 a 4,3 mm de comprimento e possuem duas manchas circulares negras, facilmente visíveis na parte dorsal da cabeça, entre os olhos compostos — característica que facilita sua identificação no campo.
Quando perturbados, os adultos deslocam-se lateralmente sobre a planta e podem ser encontrados preferencialmente no cartucho das plantas de milho. Durante a fase ninfal, os indivíduos são encontrados, em sua maioria, na face abaxial das folhas.
As fêmeas realizam postura endofítica, ou seja, inserem seus ovos no mesófilo das folhas de milho, preferencialmente próximo à nervura central.
No Brasil, o milho é a única planta hospedeira da cigarrinha-do-milho, onde o inseto se abriga, se alimenta e se reproduz, completando seu ciclo biológico. Entretanto, durante o período de entressafra, a cigarrinha pode utilizar outras espécies de gramíneas para alimentação ou abrigo, porém sem se reproduzir.
A cigarrinha-do-milho é responsável pela transmissão de três patógenos à cultura do milho: o enfezamento-vermelho (Maize Bushy Stunt Phytoplasma – MBSP), o enfezamento-pálido (Corn Stunt Spiroplasma – CSS) e o vírus da risca (Maize Rayado Fino Virus – MRFV), sendo este último associado a um menor potencial de dano econômico em comparação aos demais.
Esses patógenos são transmitidos principalmente pela picada de prova do inseto-vetor, sobretudo nas fases iniciais da cultura.
Os enfezamentos (vermelho e pálido) são doenças sistêmicas e vasculares causadas por molicutes (fitoplasma e espiroplasma), que são bactérias desprovidas de parede celular.
Os sintomas dos enfezamentos, na maioria das vezes, manifestam-se próximo à fase reprodutiva das plantas de milho.
Além dos sintomas foliares (Imagens 2 e 3A), é possível observar outras alterações, como o encurtamento dos internódios, redução da estatura das plantas, espigas pequenas, falhas na granação, grãos chochos, proliferação de espigas, emissão de perfilhos na base das plantas, plantas improdutivas e colonização por outros patógenos (doenças de colmo).
Os sintomas iniciais caracterizam-se pela ocorrência de pontos cloróticos ou linhas curtas, distribuídas de forma uniforme na parte superior de folhas jovens, geralmente nas nervuras secundárias e terciárias.
Esses patógenos alojam-se e colonizam os vasos condutores (floema) do milho, provocando desordens fisiológicas, hormonais e bioquímicas, que se refletem em sintomas foliares e na formação de espigas menores e deformadas.
Essas alterações prejudicam o desenvolvimento da planta e favorecem a entrada de outras doenças, como os fungos de colmo Fusarium e Pythium (doenças de colmo), ocasionando tombamento e quebramento de plantas, inviabilizando a colheita e, consequentemente, reduzindo a produtividade.
De modo geral, os enfezamentos podem reduzir em mais de 70% a produção de grãos em plantas de milho suscetíveis, quando comparadas a plantas sadias. A redução da produtividade é sempre diretamente proporcional à incidência de plantas com enfezamento.
O milho é a única planta hospedeira na qual a cigarrinha se reproduz. Assim, a disponibilidade de plantas de milho, cultivadas ou espontâneas (tigueras ou plantas voluntárias de milho), é condição essencial para a manutenção e multiplicação do inseto-vetor e dos patógenos que ele transmite, e, consequentemente, para a disseminação dos enfezamentos.
A implementação exclusiva de um único método de controle não garante um manejo eficaz do inseto-vetor e das doenças. As práticas agrícolas de controle devem ser adotadas de forma conjunta, tanto em nível de propriedade quanto em nível de regiões produtoras.
O controle eficiente do milho tiguera, durante o cultivo de verão, é uma das estratégias mais importantes para a redução populacional da cigarrinha e dos patógenos transmitidos nos cultivos de milho safrinha.
O uso de inseticidas para controle da cigarrinha-do-milho deve ser realizado desde o tratamento de sementes, além de pulverizações foliares nas fases iniciais da cultura, com intervalos reduzidos (entre a emergência e a fase V8). Atualmente, o uso de inseticidas biológicos, como Beauveria bassiana ou Isaria fumosorosea, tem se tornado uma ferramenta importante para o manejo da cigarrinha.
A cigarrinha-do-milho é uma praga extremamente importante na cultura do milho, capaz de causar grandes prejuízos ao agricultor, não apenas com os enfezamentos e o vírus da risca, mas também com doenças secundárias, como as doenças de colmo, que podem inviabilizar a colheita da lavoura. O conhecimento da sensibilidade do híbrido a essas doenças e a adoção de práticas de manejo para a praga — desde o tratamento de sementes até as fases vegetativas mais avançadas — são os melhores caminhos para evitar prejuízos acentuados.
Acesse o PDF do artigo: clique AQUI.
Autores: Leonardo Henrique Duarte de Paula (agrônomo de campo Pioneer®) e Zenilson Balem (gerente de agronomia Pioneer®).
A cigarrinha Dalbulus Maidis e os enfezamentos do milho no Brasil (Adaptado). Revista Plantio Direto, Edição 182, 2021. Ávila,C.J; Oliveira, C.M; Moreira, S.C.S; Bianco, R; Tamai, M.A;
Acamamento e quebramento de colmo do milho sob aplicação de bioestimulante e doses de fertilizante nitrogenado (Adaptado). 2016,XXXI Congresso Nacional de Milho e Sorgo, Sales, C.G.R; Araújo, L.S; Silva, F.S; Júnior, D.C.F; Franco, J.F; Werlang, R.C; Brito, C.H.
WORDELL FILHO, J. A.; RIBEIRO L. P.; CHIARADIA, L. A.; MADALOZ, J. C.; NESI, C. N. Pragas e doenças do milho: diagnose, danos e estratégias de manejo (Adaptado). Boletim Técnico, 170, P.88, 2016.