Em regiões onde há possibilidade de se fazer duas safras, como no oeste do Paraná e Centro-Oeste do Brasil, onde temos a safrinha de milho pós-soja, geralmente, a população de percevejos é maior e, por consequência, o potencial de danos às lavouras, em função da presença da praga, é grande.
Como vimos anteriormente nesta publicação aqui, a capacidade de dano dessa praga está relacionada à fase de desenvolvimento da planta. Desta forma, quanto mais nova for à planta no momento do ataque, maior será o prejuízo causado pelo percevejo.
Algumas culturas como trigo, sorgo e milho podem sofrer danos principalmente pela alimentação de adultos e ninfas na base das plântulas, após a germinação. O percevejo se posiciona na base do colmo do hospedeiro, com a cabeça voltada para baixo e, introduz seu estilete para alimentação, injetando saliva para facilitar a sucção da seiva. Assim, dependendo do estádio vegetativo da planta, a praga poderá causar injúrias que implicam desde sintomas leves até a morte da planta.
Normalmente o ataque de percevejos acontece na cultura da soja ao final do ciclo. Após a colheita da soja os percevejos migram para o milho plantado na segunda safra com o objetivo de encontrar alternativas para sobrevivência. Os danos causados pela presença do percevejo na cultura do milho podem promover distúrbios fisiológicos na planta implicando na dificuldade do desenrolamento da folha jovem, o que origina seu o “encharutamento”. Em alguns casos, também pode ocorrer o perfilhamento da planta, ou apenas lesões ou furos simétricos com bordas amareladas.
Os percevejos se enquadram em quatro espécies: Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus (percevejos-barriga-verde), Euchistus heros (percevejo marrom) e Nezara viridula (percevejo verde). Dentre as espécies, as que apresentam maior potencial de dano são as do percevejo-barriga-verde, que geralmente ocorrem em baixas populações na cultura da soja, mas que após a colheita se multiplicam em outros hospedeiros e migram para o milho.
Percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus).
Percevejo marrom (Euschistus heros).
São características desta praga:
Permanecer embaixo da palhada e em plantas remanescentes da dessecação;
Cor semelhante à palha, o que dificulta a sua visualização na lavoura;
Introduzir o estilete nas plantas de milho, sugar nutrientes e injetar toxinas, que resultarão em: plantas de milho anãs, plantas perfilhadas sem produção, menos população e produtividade.
Entre as espécies de percevejo, existem diferentes tipos de ataque. O percevejo-barriga-verde ataca na fase inicial de desenvolvimento e possui um estilete comprido, o que significa que a praga causará um dano maior ao ponto de crescimento e possível perfilhamento.
Já o percevejo marrom, ataca da fase inicial de desenvolvimento até a formação de espigas. O seu estilete é curto, o que dificilmente trará danos de perfilhamento para a lavoura (quando em baixa pressão). A presença da praga na lavoura ocorre em maior intensidade em anos de temperaturas mais elevadas e causa um aumento de plantas dominadas e espigas reduzidas.
Os danos causados pelos percevejos podem ser identificados em 3 níveis:
Danos leves: podem causar até 5% de perdas. As folhas se apresentam com pequenos furos sem implicar em maiores problemas para a planta;
Danos médios: podem gerar perdas de até 22% e, em decorrência do ataque, causar atraso no desenvolvimento da planta, originando uma produção de espigas menores;
Danos severos: podem comprometer até 60% de perdas de produtividade, e inclusive, a planta pode não formar espigas.