17/01/2017

Minha Lavoura Tem Percevejos: O Que Fazer?

foto divulgação 
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Percevejo-barriga-verde na lavoura

Introdução

Em regiões onde há possibilidade de se fazer duas safras, como no oeste do Paraná e Centro-Oeste do Brasil, onde temos a safrinha de milho pós-soja, geralmente, a população de percevejos é maior e, por consequência, o potencial de danos às lavouras, em função da presença da praga, é grande.

Como vimos anteriormente nesta publicação aqui, a capacidade de dano dessa praga está relacionada à fase de desenvolvimento da planta. Desta forma, quanto mais nova for à planta no momento do ataque, maior será o prejuízo causado pelo percevejo.

Algumas culturas como trigo, sorgo e milho podem sofrer danos principalmente pela alimentação de adultos e ninfas na base das plântulas, após a germinação. O percevejo se posiciona na base do colmo do hospedeiro, com a cabeça voltada para baixo e, introduz seu estilete para alimentação, injetando saliva para facilitar a sucção da seiva. Assim, dependendo do estádio vegetativo da planta, a praga poderá causar injúrias que implicam desde sintomas leves até a morte da planta.

Normalmente o ataque de percevejos acontece na cultura da soja ao final do ciclo. Após a colheita da soja os percevejos migram para o milho plantado na segunda safra com o objetivo de encontrar alternativas para sobrevivência. Os danos causados pela presença do percevejo na cultura do milho podem promover distúrbios fisiológicos na planta implicando na dificuldade do desenrolamento da folha jovem, o que origina seu o “encharutamento”. Em alguns casos, também pode ocorrer o perfilhamento da planta, ou apenas lesões ou furos simétricos com bordas amareladas.

Os percevejos se enquadram em quatro espécies: Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus (percevejos-barriga-verde), Euchistus heros (percevejo marrom) e Nezara viridula (percevejo verde). Dentre as espécies, as que apresentam maior potencial de dano são as do percevejo-barriga-verde, que geralmente ocorrem em baixas populações na cultura da soja, mas que após a colheita se multiplicam em outros hospedeiros e migram para o milho.

Uma imagem contendo mesa, comida, verde, pássaro

Descrição gerada automaticamente

Percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus).

Sapo em cima de uma superfície preta

Descrição gerada automaticamente

Percevejo marrom (Euschistus heros).

São características desta praga:

  • Permanecer embaixo da palhada e em plantas remanescentes da dessecação;

  • Cor semelhante à palha, o que dificulta a sua visualização na lavoura;

  • Introduzir o estilete nas plantas de milho, sugar nutrientes e injetar toxinas, que resultarão em: plantas de milho anãs, plantas perfilhadas sem produção, menos população e produtividade.

Entre as espécies de percevejo, existem diferentes tipos de ataque. O percevejo-barriga-verde ataca na fase inicial de desenvolvimento e possui um estilete comprido, o que significa que a praga causará um dano maior ao ponto de crescimento e possível perfilhamento.

Já o percevejo marrom, ataca da fase inicial de desenvolvimento até a formação de espigas. O seu estilete é curto, o que dificilmente trará danos de perfilhamento para a lavoura (quando em baixa pressão). A presença da praga na lavoura ocorre em maior intensidade em anos de temperaturas mais elevadas e causa um aumento de plantas dominadas e espigas reduzidas.

Os danos causados pelos percevejos podem ser identificados em 3 níveis:

  • Danos leves: podem causar até 5% de perdas. As folhas se apresentam com pequenos furos sem implicar em maiores problemas para a planta;

  • Danos médios: podem gerar perdas de até 22% e, em decorrência do ataque, causar atraso no desenvolvimento da planta, originando uma produção de espigas menores;

  • Danos severos: podem comprometer até 60% de perdas de produtividade, e inclusive, a planta pode não formar espigas.

Manejo:

Para um manejo satisfatório, o primeiro passo inicia com a dessecação antecipada, antes da cultura do milho ser plantada. A dessecação tem como objetivo eliminar plantas hospedeiras na área.

O segundo passo é um bom tratamento de sementes com inseticidas neonicotinóides, que são essenciais para a proteção das plantas na fase inicial e estabelecimento da cultura.

O terceiro passo é o monitoramento inicial da lavoura, uma vez que o dano do percevejo só é percebido na lavoura dias após o seu início.

Esta praga tem o hábito de se esconder sob a palhada ou plantas daninhas remanescentes, impedindo que a pulverização atinja-o. Se a pressão de percevejos for alta até o estádio V3 do milho, é necessário realizar o controle em área total. A planta de milho nessa fase, caso seja atacada pelo percevejo, pode ter o seu meristema afetado pelo aparelho bucal do inseto (estilete), o que ocasionará prejuízos irreparáveis.

Após emergência do milho, é necessário focar no monitoramento da lavoura. Para isso, siga o recomendado:

1) 1 percevejo vivo a cada 10 plantas amostradas na linha e em sequência, implica na necessidade de efetuar o controle químico;
2) Reavaliar após 5 a 7 dias e, encontrando 1 percevejo vivo a cada 10 plantas amostradas na linha e em sequência, realizar novo controle;
3) Utilizar produtos e doses recomendados pelo MAPA;
4) Evitar pulverizações em horários mais quentes do dia ou em dias chuvosos;
5) Situações de excesso de chuva, redobrar a atenção até 10 dias após emergência do milho.

Para definir o nível de dano, o monitoramento é essencial. A tabela a seguir traz ações de manejo com base no monitoramento com iscas para o plantio de milho safrinha.

Ações de manejo de percevejos com base no monitoramento com iscas para plantio de milho safrinha com tecnologia Bt

Número de iscas com insetos¹

Nível de risco

Estratégia de manejo

até 2

Baixo

TSI

de 3 a 5

Moderado

TSI e monitoramento pós-inicial

acima de 5

Alto

Pulverizar antes semeadura, TSI e monitoramento pós inicial

¹ Número de iscas que atraíram percevejos em relação ao total de 10 iscas. / TSI - Tratamento de Sementes Industrial com inseticidas neonicotinoides. / Fonte: Pioneer®, adaptado de Rodolfo Bianco.

Dúvidas sobre o manejo de percevejos? Escreva para a nossa equipe no espaço abaixo.

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Sobre o autor

Fabricio Ferreira Viana

Agrônomo de Campo na Pioneer®

Referências

Artigo publicado pela Du Pont Pioneer, Manejo de Percevejo no Milho em 07/04/2014, Enviado por Pellisson Kaminski
Artigo publicado pela Du Pont Pioneer, Monitoramento e Controle de Percevejo Barriga Verde na Cultura do Milho Safrinha em 03/03/2015, Enviado por Alan Pelissari, Tiago Silveira Hauagge e Paulo Machinski Trabalho publicado pela Du Pont Pioneer, Período Suscetível do Milho ao ataque do Percevejo-Barriga-Verde e o Efeito do Tratamento de Sementes Industrial para controle em 19/09/2016, Enviado por Cientista Pesquisador na Du Pont Pioneer Josemar Foresti e Pesquisador Associado na Du Pont Pioneer Paulo Roberto da Silva.
Ávila, C.J. & Panizzi, A.R. Occurrence and damage by Dichelops (Neodichelops) melacanthus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) on corn. An. Soc. Entomol. Brasil. (24) 193 – 194. 1995.