03/03/2015

Monitoramento e Controle de Percevejo Barriga Verde na Cultura do Milho Safrinha

foto divulgação 
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Monitoramento e controle de percevejo-barriga-verde

Introdução

Considerado, em muitas regiões, como a principal praga da cultura do milho, o percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus) vem causando grandes prejuízos nas lavouras de milho safrinha. Em função da migração desta praga de lavouras de soja para as lavouras de milho, os plantios em épocas normal e tardia são os mais atacados.

Inseto em cima de uma superfície verde

Descrição gerada automaticamente

Na safrinha, o manejo correto dessa praga é muito complicado, já que o produtor está colhendo a soja, plantando o milho safrinha e muitas vezes não tem mão de obra suficiente para o manejo do percevejo. Todavia, em caso de erro no controle desta praga, o produtor corre o risco de ter que replantar toda a sua lavoura.

Monitoramento

O monitoramento é de extrema importância para o controle desta praga, uma vez que, diferente do ataque da lagarta do cartucho, o dano do ataque de percevejo só é identificado na lavoura dias depois do seu início.

Em função do hábito da praga, que mantem-se escondida enterrada ao lado do colmo do milho, embaixo da palhada ou em plantas daninhas remanescentes, há dificuldade no contato “gota/alvo” e, por consequência, o percevejo não é atingido com o inseticida para o seu controle, por isso, a tecnologia de aplicação merece atenção especial.

Além disso, existe grande limitação de produtos para o controle de percevejo em pós-emergência. Há relatos de pesquisas sobre tolerância/resistência que, aliado ao hábito da praga, somam negativamente para uma boa eficiência de controle.

Danos

Este ano, durante o acompanhamento de várias áreas de milho safrinha, pode-se avaliar os danos que os percevejos vem causando. Os níveis de danos encontrados podem ser identificados da seguinte maneira:

1-Danos leves – podem causar perdas de até 5%, apresentam danos nas folhas sem acarretar maiores problemas para a planta;

Pássaro verde em cima da grama

Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

2-Danos moderados – podem gerar perdas de até 22%, sendo que, devido ao ataque, a planta atrasa seu desenvolvimento e, como consequência, apresenta uma produção de espigas menores;

Planta com folhas verdes

Descrição gerada automaticamente

3-Danos severos – podem causar perdas ao redor de 60%, apresentando comprometimento da planta como um todo podendo inclusive não gerar espigas.

Planta com folhas verdes

Descrição gerada automaticamente

Medidas de Controle

Para o eficiente controle dos percevejos, o ideal é manter a população desta praga o mais baixa possível desde o manejo na soja até as fases iniciais do desenvolvimento do milho safrinha. Para que isso ocorra, o monitoramento e controle devem ser realizados da seguinte maneira:

1. Monitorar durante o ciclo da soja, principalmente com o início da fase de enchimento de grãos. Fazer o monitoramento e tomar ações de controle sempre que achar 1 percevejo/metro se a área for destinada à semente, e 2 percevejos/metro se a lavoura for destinada a grãos;

2. Eliminar o abrigo dos percevejos, como a trapoeraba, o capim carrapicho, o capim amargoso, é de extrema importância para o manejo, principalmente na cultura da soja;

3. Fazer monitoramento na dessecação da soja e, se for encontrado acima de 5 percevejos por isca, fazer o controle químico. Para preparar iscas para um talhão meça 500 ml (300 g) de grãos de soja, coloque em um recipiente com água limpa e deixe por 10 a 15 minutos. Feito isto, escorra a água e adicione meia colher (de café) de sal de cozinha e misture – não coloque o sal na água, pois isto exige uma maior quantidade –, meça novamente o volume dos grãos já umedecidos e divida esse volume em 10 iscas (Veja mais sobre Dessecação para Colheita da Soja e Cuidados com Percevejos na Safrinha clicando aqui);

4. Uso de tratamento de sementes com neonicotinoide para monitoramento no milho safrinha. É importante pensar no tratamento de semente como uma ferramenta a mais para o controle dessa praga;

5. A partir da emergência do milho faz-se necessário o monitoramento constante da lavoura. Para isso, siga o recomendado:

a) 1 percevejo vivo/10 plantas amostradas na linha e em sequência, indica a necessidade de efetuar o controle químico;
b) Reavaliar depois de 5 a 7 dias e, encontrando 1 percevejo vivo/10 plantas amostradas na linha e em sequência, fazer o controle novamente;
c) Usar produtos e suas respectivas doses recomendados pelo Ministério da Agricultura;
d) Evitar aplicações nas horas mais quentes do dia ou em dias chuvosos;
e) Em situações de excesso de chuva redobrar a atenção até 10 dias após a emergência.

Ao seguir esses passos para o monitoramento e controle do percevejo, os danos causados por essa praga serão consideravelmente reduzidos.

Além disso, vale salientar que a grande perda econômica causada pelo percevejo, muitas vezes será observada somente no momento da pré-colheita. A toxina injetada na planta em sua fase inicial de crescimento poderá implicar em plantas sem espigas, multiespigamento, problemas de polinização e consequente baixa produtividade, resultando assim em danos econômicos para os produtores. Assista ao vídeo para saber mais.

Dúvidas sobre manejo de percevejos? Você já teve esta praga na sua lavoura? Compartilhe conosco, nos comentários, logo abaixo, como foi o manejo, quais os resultados obtidos e suas dúvidas em relação ao assunto.

Sobre o autor

Alan Pelissari

Coordenador de Agronomia da Pioneer®


Tiago Silveira Hauagge

Coordenador de Agronomia da Pioneer®


Paulo Machinski

Coordenador de Agronomia da Pioneer®