Muitas espécies de insetos estão associadas à cultura do milho, podendo causar danos às lavouras e prejuízos na rentabilidade do agricultor, mas relativamente poucas apresentam características de praga-chave, como regularidade de ocorrência, abrangência geográfica e probabilidade de causar danos economicamente significativos.
As pragas primárias são aquelas que surgem todos os anos, possuem alta regularidade de ocorrência e, todos os anos, tanto na safra de verão como na de inverno, sempre são motivo de preocupação, mesmo que em alta ou baixa população. Estas pragas podem provocar danos econômicos e, por isso, requerem medidas de controle.
As pragas secundárias, por sua vez, ocorrem em baixas populações. Sua frequência varia a cada ano e raramente causam danos econômicos, desta forma, não costumam exigir medidas de controle até o momento em que sua população aumenta e causa prejuízos.
As pragas, sejam elas primárias ou secundárias, estão entre as principais responsáveis pelas perdas de produtividade entre as diversas culturas plantadas.
Na cultura do milho, com o advento da Biotecnologia, as pragas primárias podem ser manejadas com a ajuda da tecnologia Bt. Portanto, as pragas secundárias continuam sendo uma preocupação para os produtores rurais. Para manejar e controlar esse problema, é importante que o agricultor conte com um Manejo Integrado de Pragas (MIP) adequado, sempre com a ajuda de um Agrônomo. Além disso, o monitoramento da lavoura deve ser constante, caso contrário, pode-se atingir níveis altos de prejuízo.
As novas tecnologias Bt presentes no mercado nos auxiliam no combate das principais pragas da cultura do milho, porém, a falta do manejo pode gerar problemas com as pragas secundárias, que podem se tornar primárias em um determinado ano, causando danos significativos e, por isso, o conceito de pragas secundárias não deve ser levado ao seu extremo.
O ponto mais importante é que o produtor faça um monitoramento constante em sua lavoura, optando pelo MIP, que leva em consideração a cultura anterior, a pressão de pragas, o correto manejo, o bom estabelecimento da cultura da safrinha e o uso do Tratamento de Sementes Industrial.
1) PercevejoPercevejo barriga verde - Dichelops furcatus
Percevejo barriga verde - Dichelops melacanthus
Percevejo marrom - Euschistus heros
Permanecem embaixo da palha e em plantas daninhas remanescentes de dessecação;
A cor do percevejo é semelhante à palha, dificultando a visualização na lavoura;
Introduzem seu estilete nas plantas de milho, sugam nutrientes e injetam toxinas, resultando em:
plantas de milho anãs;
plantas perfilhadas sem produção;
plantas dominadas;
menor população e produtividade.
Diferenças de ataque entre percevejos:
Percevejo Barriga Verde
Ataca na fase inicial de desenvolvimento da cultura;
Percevejo Marrom
Ataca na fase inicial de desenvolvimento até a formação de espigas;
Com o estilete curto, dificilmente a praga causa dano de perfilhamento (quando em baixa pressão);
Aumento de plantas dominadas e espigas reduzidas;
Ocorre em maior intensidade em anos de maior temperatura.
Manejo:
2) DiabróticaDiabrótica
Na fase larval, ataca as raízes (da fase inicial até V10);
Na fase adulta, provoca danos nas folhas, pendão e estigmas;
Alimenta-se dos estigmas (cabelos – podendo interferir no processo de polinização, reduzindo o número de grãos por espiga).
Manejo:
Dessecação feijão/soja: Impreterivelmente utilizar inseticida para controle do adulto (Organofosforados e piretróide);
Plantio: Trabalhar com inseticida no sulco (Clorpirifós). Visto dano inicial, aplicar Clorpirifós via barra (em condições de chuva há menor eficiência).
Controle:
Não há trabalho específico com nível de dano para fase vegetativa/reprodutiva;
Utilizar organofosforados e piretróides.
3) Coró
Larva de coró
Galerias e Adultos de coró
Duas espécies de maior importância:
Diloboderus abderus
Phyllophaga sp
Danos:
Se alimentam do sistema radicular durante a fase larval;
Reduzem o volume de raízes;
Reduzem população e produtividade.
Manejo:
Preservação da matéria orgânica no solo
Níveis de infestação
Baixa infestação = < 10 indivíduos / m²
Alta infestação > 10 indivíduos / m²
Uso de TS com fipronil e neonicotinóide no inverno
Uso de TS com fipronil e neonicotinóide no milho
4) Pulgões
Pulgão do Milho – Rhopalosiphummaidis
Praga secundária: sugadora de seiva;
Vivem em colônias: início de pulgões alados;
O inseto adulto gera até 10 ninfas/dia;
Danos severos quando associados à seca e alta temperatura no pré-florescimento/florescimento;
Esterilidade induzida (ataque no florescimento);
Diferenças de sensibilidade entre híbridos;
Podem transmitir vírus do mosaico comum.
Medidas e Controle:
Recomendado quando o ataque coincidir com o pré-florescimento;
Considerar 20% de plantas com mais de 100 pulgões (colônias) em condições de estiagem;
Controlado com neonicotinóidee piretróide.
Tecnologia de aplicação:
Época de monitoramento e aplicação (pré-florescimento e início do enchimento de grãos);
Modo de aplicação (Uniport ou Aviação).
O sucesso no manejo integrado para controle estas pragas depende de um monitoramento eficiente, dos produtores e uma boa assistência técnica.
Dúvidas sobre pragas secundárias no milho safrinha? Como é o manejo na sua lavoura? Conte-nos e deixe suas dúvidas nos comentários abaixo. Participe!
Fabrício Ferreira Viana
Agrônomo na Pioneer®
Data original de publicação do artigo: 01/03/2016