22/09/2025

A relação N/K na cultura do milho: uma análise técnica

 
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A relação N/K na cultura do milho: uma análise técnica

O milho (Zea mays L.) é uma das culturas mais importantes do mundo, sendo altamente dependente de nutrientes para atingir seu pleno potencial de produção. Entre esses nutrientes, o nitrogênio (N) e o potássio (K) desempenham um papel fundamental. A relação entre eles, conhecida como relação N/K, influencia significativamente a produtividade e a qualidade do milho.

Para alcançar altos rendimentos na cultura, não é necessário apenas que o nitrogênio esteja nas doses adequadas; é preciso manter um balanço da absorção de nitrogênio, potássio e fósforo, todos na proporção certa.

Em busca de compreensão sobre o assunto, foi realizada uma abrangente revisão de pesquisas relacionadas à cultura do milho nos EUA e em todo o mundo, ao longo dos últimos 100 anos - buscando especialistas em sistemas como Ignacio Ciampitti, da Kansas State University, e Tony Vyn, da Purdue University.

Uma das principais conclusões, publicada na revista Feedstuffs, destaca: “As maiores produtividades de milho, quando não há outros fatores limitantes, ocorrem quando a absorção de nitrogênio e potássio está em uma proporção de 1 para 1 e a absorção de nitrogênio e fósforo está em uma proporção de 5 para 1”, explicou Ciampitti. “Manter o equilíbrio adequado de nutrientes dentro das plantas é mais importante para o aumento da produtividade do que simplesmente aplicar doses adicionais de nitrogênio.”

Impacto no crescimento e desenvolvimento do milho

O potássio e o nitrogênio são os nutrientes mais acumulados pela parte aérea do milho, mas o potássio apresenta a maior proporção de acúmulo nos estádios iniciais, em relação ao total acumulado. Karlen et al. (1987) verificaram que as plantas de milho acumularam, até o florescimento, 60% do total de nitrogênio, 46% do fósforo e 80% do potássio necessários durante todo o ciclo. Resultados semelhantes foram obtidos recentemente por Bender et al. (2013).

Figura 1 - Picos de absorção de nutrientes por fase fenológica do milho.
Figura 1 - Picos de absorção de nutrientes por fase fenológica do milho.

Bang et al (2021) explica alguns processos morfológicos e fisiológicos desencadeados nas plantas pelos macronutrientes nitrogênio (N) e potássio (K):

1. Nitrogênio (N): é essencial para a produção de proteínas, clorofila e aminoácidos. Desempenha um papel crítico na fotossíntese, promovendo o crescimento vegetativo das plantas e aumentando a produção de matéria seca.

2. Potássio (K): é responsável pela regulação da pressão osmótica, abertura e fechamento dos estômatos, transporte de nutrientes e resistência ao estresse. Afeta diretamente o desenvolvimento das raízes, a formação e o enchimento dos grãos, bem como a qualidade geral das plantas.

Fatores que afetam a relação N/K

  • tipos de solo e suas capacidades de retenção de nutrientes;
  • diferentes híbridos de milho com necessidades nutricionais específicas;
  • práticas de fertilização e manejo do solo.

Otimização da relação N/K

  • análise para determinar a reserva de nutrientes do solo e calcular as necessidades específicas de N e K para a cultura (Figura 2);
  • escolha de fertilizantes apropriados para atender às demandas do solo;
  • monitoramento constante da saúde da planta e ajustes nas práticas de fertilização, conforme necessário.
Figura 2 - Necessidade de nutrientes na cultura do milho.
Figura 2 - Necessidade de nutrientes na cultura do milho.

Trabalhos práticos Centro-Norte

1. Piauí - Verão 2023

Durante a safra verão de 2023, o time de agronomia Centro-Norte da Pioneer®, em sinergia com as Empresas de Representação Comercial (ERCs) no estado do Piauí, conduziu dois ensaios nas Áreas Polos. Foram testadas cinco relações N/K2O (listadas abaixo) e como testemunha, foi utilizado o padrão de cada agricultor, com o híbrido P3845VYHR. Também foram analisados dois cenários de investimento: médio e alto.

Variações testadas:

  • 1:1
  • 1:1,25
  • 1,25:1
  • 1,25:1,25
  • 1,25:1,5

Resultados de médio investimento

Figura 3 - Adubação do cliente: ureia protegida: 200kg/ha; sulfato de amônia: 300kg/ha; KCl: 200kg/ha; e Super Simples: 600kg/ha.
Figura 3 - Adubação do cliente: ureia protegida: 200kg/ha; sulfato de amônia: 300kg/ha; KCl: 200kg/ha; e Super Simples: 600kg/ha.

   

No cenário de médio investimento foi registrado incremento de produtividade de 8,3% na relação 1:1, comparado com o padrão produtor. Quando aumentada apenas a dose de K2O, foi registrado acréscimo de 20% na relação 1:1,25, também em comparação ao padrão. Os resultados demonstraram que as plantas de milho submetidas às relações 1:1,25 e 1,25:1 também apresentaram incremento de produtividade (avaliar precificação dos adubos).

Resultados de alto investimento

Figura 4 - Adubação do cliente: ureia protegida: 300kg/ha; sulfato de amônia: 250kg/ha; KCl: 300kg/ha; Super Triplo: 250kg/ha.
Figura 4 - Adubação do cliente: ureia protegida: 300kg/ha; sulfato de amônia: 250kg/ha; KCl: 300kg/ha; Super Triplo: 250kg/ha.

      

Já no cenário de alto investimento, aumentada em 25% a dose de K2O, houve um incremento de 16,5% na produtividade, na relação 1:1,25, comparada com o padrão produtor. Quando elevada a relação para 1,25:1,5, ganhou-se 32,7% de rendimento em relação ao padrão produtor.

2. Goiás – Verão 2021

Durante a safra verão de 2021, o time de agronomia Centro Norte da Pioneer® no estado de Goiás conduziu um ensaio na Estação de Pesquisa da Corteva, em Planaltina/GO, testando diferentes relações N/K2O conforme o quadro detalhado abaixo. O híbrido testado foi o P3707VYH.

A melhor produtividade foi aquela com 180kg/ha de N e 144kg/ha de K2O, com a relação N/K2O de 1.25. Neste estudo, as melhores produtividades (independente da dose trabalhada de N) foram quando a relação N/K2O estava na relação 1.25.

Conclusão

A relação N/K desempenha um papel crítico na cultura do milho, afetando tanto o crescimento vegetativo quanto a produção de grãos. O equilíbrio entre esses nutrientes é essencial para maximizar a produtividade e a qualidade dos grãos. A escolha da relação N/K ideal deve ser baseada nas condições locais, objetivos de cultivo e práticas agrícolas específicas. Mais pesquisas são necessárias para aprofundar a compreensão desse importante aspecto da agricultura do milho.

Autores:

Ana Flávia Ribeiro

Elói Rodrigues de Carvalho

Referências bibliográficas:

Bang, T. C., Husted, S., Laursen, K. H., Persson, D. P., Schjoerring, J. K. The molecular‐physiological functions of mineral macronutrients and their consequences for deficiency symptoms in plants. New Phytologist, v. 229, p. 2446-2469, 2021. https://doi.org/10.1111/nph.17074.

Bender, R.R.; Haegele, J.W.; Ruffo, M.L.; Below, F.E. Nutrient uptake, partitioning, and remobilization in modern, transgenic insect-protected maize hybrids. Agronomy Journal, v.105, p.161-170, 2013.

Ciampitti, I.A.; Vyn, T.J. Physiological perspectives of changes over time in maize yield dependency on nitrogen uptake and associated nitrogen efficiencies: A review. Field Crops Research, v.133, p. 48–67, 2012.

Coelho,A.M. Nutrição e Adubação do Milho. Sete Lagoas, MG: Embrapa Milho e Sorgo, 2006. 10 p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, 78).

Feedstuffs, Keys to optimal corn yields N to P and K ratios, December 29, 2014. Disponível em: <https://kingsagriseeds.com/wp-content/uploads/2014/12/Keys-to-optimal-corn-yields-N-to-P-and-K-ratios.pdf>. Acesso em: 02 out. 2023.

Karlen, D. L.; Sadler, E.J.; Camp, C.R. Dry matter, nitrogen, phosphurus, and potassium accumulation rates by corn on Norfolk Loamy Sand. Agronomy Journal, v.79, p.649-656, 1987.

Silva, F. C., Fageria, N. K., & Moraes, M. F. (2009). Nutrient accumulation and nutrient use efficiency by corn in response to potassium rates. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 33(4), 1089-1098.

SQS Vitas, Relação N:K, August 25, 2020. Disponível em: < https://sqm-vitas.com.br/nutricao/relacao-nk/>. Acesso em: 03 out. 2023.

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