A adubação nitrogenada de cobertura está exposta a riscos de perdas por volatilização e lixiviação, o que pode reduzir a disponibilidade de N para a planta. A combinação da adubação nitrogenada com a aplicação de Utrisha™ N pode aumentar o fornecimento de nitrogênio para a planta.
Utrisha™ N é um produto biológico composto pela bactéria Methylobacterium symbioticum, que atua ativamente ao longo dos estágios vegetativo e reprodutivo do milho, transformando o nitrogênio do ar em nitrogênio assimilável pela planta.
As principais fontes de nitrogênio para a planta de milho são a adubação nitrogenada, a matéria orgânica, o adubo orgânico e as culturas antecessoras fixadoras de nitrogênio. O manejo com o uso de Utrisha™ N é uma estratégia complementar de fornecimento de N para a planta no sistema produtivo.
A lavoura de milho silagem, manejada e construída no campo com foco em qualidade de planta, rendimento de grãos para melhor qualidade bromatológica e maior conversão em carne e leite, tem no manejo nutricional do nitrogênio um de seus grandes desafios.
Altamente responsivo na cultura do milho, o nitrogênio no solo está sujeito a perdas e à menor disponibilidade para a planta em áreas com baixa matéria orgânica, monocultivo e baixa rotação de culturas. Além disso, a adubação nitrogenada de cobertura, realizada com o objetivo de atender à expectativa de produção, está exposta a riscos como baixa umidade, lixiviação, volatilização, mineralização e desnitrificação — perdas que reduzem a eficiência do insumo aplicado e o aproveitamento pela planta.
Complementar a adubação de cobertura com o fornecimento de nitrogênio ao longo do ciclo do milho é uma estratégia fundamental. O manejo com Utrisha™ N é uma inovação biológica da Corteva, aplicada via foliar, composta pela bactéria Methylobacterium symbioticum, que, ao se estabelecer no interior da folha, transforma o nitrogênio do ar em nutrição e aumenta o fornecimento de N para a planta.
Avaliar o rendimento e a qualidade da silagem de planta inteira, sob diferentes doses de nitrogênio em cobertura, com e sem aplicação de Utrisha™ N.
Local: Charqueadas – RS
Instituição: Copac (Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados de Charqueadas)
Altitude: 30 m
Híbrido: P3016VYHR
Data de plantio: 18/10/2024
Colheita (silagem de planta inteira): 30/01/2025
Altura de corte: 30 cm
Adubação de plantio: 250 kg/ha de DAP e 200 kg/ha de KCL
Cobertura (nitrogênio – ureia 45%)
O principal destaque foi a produção de MS (matéria seca, t/ha): os tratamentos com Utrisha™ N, combinados com a adubação de cobertura com ureia 45%, apresentaram, em média, um acréscimo de 2,952 t/ha na produção de matéria seca.
A aplicação foliar de Utrisha™ N contribuiu como complemento no fornecimento de nitrogênio por meio da fixação foliar em todos os tratamentos com ureia 45%.
Observou-se maior atividade fisiológica das plantas, com manutenção da área foliar verde mais ativa (Foto 1). Essa melhor condição nutricional não apenas resultou em maior produção de matéria seca (t/ha), como também promoveu maior desenvolvimento da planta e formação de reservas para o enchimento de grãos.
Outros trabalhos realizados pela Pioneer®, com diferentes doses de adubação nitrogenada em milho silagem, também demonstram que o aumento na disponibilidade de nitrogênio favorece maior área foliar verde ativa por mais tempo, contribuindo para o enchimento de grãos, para o acúmulo de MS (%) e para o aumento da produção de matéria seca (t/ha), o que se traduz em maior produção de litros de leite por hectare.
A aplicação de Utrisha™ N no estádio V6, complementando a adubação de cobertura com ureia realizada em V4 e V8, resultou em maior rendimento de kg de leite/ha e kg de carne/ha, quando comparado ao manejo com apenas a cobertura de ureia. O ganho médio observado foi de 4.628 kg de leite/ha e 244 kg de carne/ha.
A fixação foliar e a disponibilidade de nitrogênio proporcionadas pela atividade biológica de Utrisha™ N durante a fase vegetativa até o corte para silagem resultaram em melhor desenvolvimento das plantas, com maior rendimento e melhor qualidade de grãos, contribuindo para uma silagem com mais energia.
Esse resultado está associado à dinâmica de absorção de nitrogênio em híbridos mais modernos. Estudos realizados pela Pioneer® indicam que 63% da absorção de N ocorre até o florescimento do milho, e 37% ocorre após o florescimento. Nesse contexto, buscar estratégias de manejo que reduzam os riscos na absorção e no aproveitamento do nitrogênio, com fornecimento ao longo de todo o ciclo do milho, é um diferencial importante para alcançar ganhos em rendimento de grãos e silagem.
Observa-se que a combinação de ureia 45% com aplicação de Utrisha™ N resultou em plantas com melhor desenvolvimento e maior acúmulo de massa verde (t/ha). A maior disponibilidade e o melhor aproveitamento de nitrogênio podem ter alongado o ciclo da planta, exigindo mais dias para o enchimento de grãos e o acúmulo de matéria seca (%). Os resultados médios dos tratamentos com Utrisha™ N mostram uma redução de 2,15 pontos no acúmulo de MS (%).
Dessa forma, em plantas mais bem nutridas com nitrogênio, o momento do corte da silagem exige mais atenção no monitoramento da evolução da MS (%), que pode ser mais lenta. Assim, é importante realizar a operação de corte no momento mais adequado - entre 32% e 35% de matéria seca -, o que também favorece maior digestibilidade.
Em outro trabalho realizado pela equipe de agronomia da Pioneer®, com diferentes doses de nitrogênio em cobertura, observou-se diferença no avanço da linha do leite e no enchimento de grãos. A partir de 100 kg/ha de N, houve redução de até 0,5% na MS, indicando que mais dias são necessários para o acúmulo de matéria seca (%) em plantas com níveis mais altos de nitrogênio, situação que também permite uma maior amplitude na janela de corte.
Com mais nitrogênio disponível na planta para o acúmulo de matéria seca, aguardar mais dias para realizar o corte, buscando valores mais próximos a 35% de MS, é uma decisão que pode resultar em silagem de melhor qualidade e maior rendimento de kg de leite/ha e kg de carne/ha. Isso se compara positivamente às plantas com menor disponibilidade de N e desenvolvimento limitado, que tendem a antecipar o ciclo, encurtar a janela de corte e, consequentemente, reduzir o rendimento e a qualidade da silagem.
Contudo, estudos específicos avaliando diferentes janelas de corte para silagem, com distintas doses de nitrogênio e com ou sem Utrisha™ N, devem ser conduzidos para confirmar e aprofundar essas observações relacionadas ao possível alongamento do ciclo e à ampliação da janela de corte.
São apresentados os resultados médios gerais de rendimento da silagem de planta inteira do híbrido P3016VYHR, comparando-se os tratamentos com ureia 45% + Utrisha™ N e ureia 45% sem Utrisha™ N.
A aplicação foliar de Utrisha™ N, complementando as adubações com ureia 45%, resultou em maior rendimento de silagem, com 25,73 t de matéria seca/ha e 44.692 kg de leite/ha. Houve uma diferença positiva no rendimento financeiro bruto de R$ 12.865,84, considerando o preço médio do litro de leite a R$ 2,78, no período de um ano (de maio de 2024 a maio de 2025).
Correção do solo com calagem, visando pH próximo de 6. O uso de culturas de cobertura e a rotação de culturas promovem a formação de palhada e cobertura do solo, o que, além da preservação da umidade, somado à correção do solo, contribui para condições favoráveis à mineralização e à disponibilidade de nitrogênio para as plantas.
Construção de matéria orgânica no solo com mix de coberturas e rotação de culturas. Cada 1% de matéria orgânica no solo pode fornecer até 20 kg/ha de nitrogênio.
Elaboração de um plano de adubação com base na realidade da fertilidade de cada propriedade e na expectativa de produção de matéria seca (t/ha) alcançável, buscando eficiência técnica e rentabilidade. A demanda nutricional média de nitrogênio para milho silagem é de 10 a 12 kg de N por tonelada de matéria seca produzida.
Adubação de base: 30 a 60 kg/ha de N, favorecendo o arranque e o estabelecimento inicial da cultura.
Adubação de cobertura: entre os estádios V2 e V6, com parcelamento quando as adubações forem superiores a 150–200 kg/ha, visando reduzir perdas por volatilização e lixiviação. É importante antecipar o manejo da cobertura, iniciando em V2 quando houver condições adequadas de umidade e bom estabelecimento da cultura, especialmente quando a cobertura de inverno for à base de palhada de aveia.
Utrisha™ N como fixador foliar de nitrogênio é uma ferramenta estratégica no plano de manejo da adubação de cobertura. Sua atividade biológica, durante os ciclos vegetativo e reprodutivo do milho, complementa a adubação, contribuindo para o aumento no fornecimento de nitrogênio. A recomendação de aplicação de Utrisha™ N é entre os estádios V4 e V8, sempre em complemento à adubação de cobertura nitrogenada, de acordo com a expectativa de produção de matéria seca (t/ha).
A aplicação de Utrisha™ N, complementando a adubação de cobertura com ureia 45%, resultou em maior rendimento em kg de leite/ha e kg de carne/ha, quando comparada à adubação com ureia 45% sem a aplicação de Utrisha™ N.
Inovação na fixação Biológica de Nitrogênio em Milho. Disponível em: https://www.pioneer.com/br/blog/artigos/inovacao-na-fixacao-biologica-de-nitrogenio-em-milho.html.
Aproveitando o poder da fixação biológica de nitrogênio. Disponível em: https://corteva.showpad.com/share/xsEMGyqUoOiR1aB2uGZ41.
Nitrogen uptake in corn. Disponível em: https://www.pioneer.com/us/agronomy/nitrogen_uptake_corn.html.
As sete maravilhas da produtividade do milho e a importância do nitrogênio. Disponível em: https://corteva.showpad.com/share/Z2i2UcCO2FIUmSMM7XN0G.
Ciclo do Nitrogênio: transformações no sistema solo-planta e implicações na fertilidade do solo. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-ciclo-do-nitrogenio-no-sistema-solo-planta/.
Autores: Marcos Rubens Figueiredo, Rodrigo Fischer, Mauricio Trindade e Renan Breda (Agrônomos da Pioneer®).