O sucesso de uma silagem está diretamente ligado à soma de diversos fatores que vão desde o planejamento até a dieta final. De nada adianta, por exemplo, ser bem-sucedido nas lavouras se houver erro no processo de ensilagem, assim como também não adianta fazer um bom processo de ensilagem e conduzir uma lavoura com manejo inadequado.
Só se atinge os objetivos fazendo um bom manejo de lavoura somado a um bom processo de ensilagem. Apresentamos, abaixo, sete regras para alcançar um excelente processo de ensilagem.
A decisão de colheita de uma silagem passa por duas avaliações.
• A primeira é que a matéria seca esteja com teor entre 32 a 38% MS (considerado o melhor intervalo para preservar a digestibilidade de fibra x acúmulo de amido).
• A segunda é verificar o acúmulo de amido através do corte longitudinal dos grãos no meio da espiga e observar o acúmulo de amido (parte farinácea) acima de 50% nos grãos.
Segundo estudos realizados, a melhor altura de colheita está acima de 25 cm do solo. A razão deste limite é evitar contaminação da silagem com terra e detritos que possam levar coliformes, fungos ou outras bactérias indesejáveis que estão presentes no solo. Isto pode afetar até a qualidade de fermentação da silagem. Além do mais, evita uma maior extração de nutrientes, principalmente o potássio, e melhora a digestibilidade da fibra FDN.
O tamanho da partícula varia de acordo com a necessidade e o processamento da máquina, seja de fibra ou de grãos. Em geral, tem se adotado um tamanho uniforme de 10 a 20 mm, em média. Contudo, em máquinas automotrizes equipadas com processadores de grãos (crackers), pode-se trabalhar com TMP de até 28 mm. As facas devem ser amoladas diariamente e a uma distância de 0,5 mm das contra-facas, em bom estado e sem desgastes laterais.
Para máquinas com processador de grãos (rolos cracker), a distância ideal entre os rolos deve ser de 1 a 2 mm, garantindo o processamento de pelo menos 95% dos grãos, ou seja, com menos de 5% de grãos inteiros, conforme indicado pelo teste do copo de 1 litro ou pela peneira de 4,75 mm.
Além disso, pode-se utilizar um conjunto de quatro peneiras Penn State, com aberturas (diâmetro) de 19 mm, 8 mm, 4 mm e fundo, para avaliar a uniformidade das partículas. Este procedimento é essencial para promover uma boa saúde ruminal e animal, além de reduzir perdas de cocho, evitar problemas fisiológicos e melhorar a qualidade do leite.
Para a análise, recomenda-se retirar uma amostra de 500 g no início da ensilagem. A amostra deve ser peneirada nas quatro peneiras na sequência citada acima, realizando 20 movimentos e uma repetição (cinco movimentos de cada lado e uma repetição, totalizando 40 movimentos).
Após isso, é preciso realizar a pesagem das partículas de cada peneira retida, de modo que fiquem dentro dos seguintes intervalos:
O inoculante é uma ferramenta essencial para otimizar a fermentação da silagem, reduzindo as perdas de matéria seca (MS) tanto durante o processo fermentativo quanto após a abertura do silo.
A meta é reduzir as perdas de MS em 4 a 6% durante o processo de fermentação, utilizando bactérias homofermentativas como Lactobacillus plantarum (que produzem ácido láctico), além de reduzir em torno de 2 a 3% as perdas após abertura, através das bactérias heterofermentativas como a Lactobacillus buchneri ou L. hilgardii. Essas bactérias produzem ácidos acético e láctico, evitam a progressão das leveduras e fungos filamentosos, além de reter as micotoxinas, prevenir as fermentações butíricas e manter a silagem em baixas temperaturas por mais de 96 horas, segundo pesquisas. Para ser eficaz, um bom inoculante deve garantir, no mínimo, 100.000 UFC/g de forragem.
• Tempo de compactação de 1 a 4 min/t de massa verde.
• Peso do trator = 40% da massa que chega por hora (Ex.: 100 t/h = 40 t de peso de tratores).
• Peso do trator x 2,5 = capacidade de compactação/h.
• Compactação deve ser acima de 1,2 x a cap. de colheita.
• Fazer camadas de 15 cm em média de boa compactação.
• Largura mínima do silo: 1,5 vezes a bitola do trator.
• Densidade ideal: 240 kg MS/m3 ou >700 kg/ha MV/m3.
• Evite o descarregamento em cima do silo, pois isso pode contaminar a silagem com terra, bactérias e fungos indesejáveis. Faça o descarregamento na base e utilize apenas o trator com lâmina para espalhar e compactar o material sob o silo.
• Evite lonas de material reciclado.
• Adquira lonas virgens de material EVOH (100-200 Micras).
• Lonas devem possuir filtros UV (UVa e UVb) e ter no mínimo 6 meses de garantia.
• Dê preferência às lonas de barreira de oxigênio embaixo da lona de cobertura (80 Micras), pois impedem a passagem de oxigênio em 100 vezes menos que lonas comuns e retêm perdas de 50% de matéria seca na superfície do silo (evita camadas pretas).
• Gravel bags ou peso sob a lona devem ser espaçados no máximo de 5 em 5 metros ou utilize tiras de pneus.
• Fechamento no máximo em 3 a 5 dias do início ao fim.
• Tempo de fermentação e abertura do silo: mínimo de 30 dias para completar toda a fermentação e estabilidade da silagem para uso.
• Para a retirada da silagem do painel sem aquecimento da massa ensilada, penetração de oxigênio e preservando a qualidade nutricional da silagem, retire acima de 250 kg de silagem por m2 de painel do silo, segundo pesquisas (Bernardes, T./UFLA). Utilize esta regra para o momento de realização do dimensionamento do silo com antecedência.
• Evite a retirada diretamente de frente com a concha da pá carregadeira para não abalar a massa compactada e permitir a entrada de oxigênio. Esta pá pode ser utilizada lateralmente no silo.
• Dê preferência aos equipamentos mais eficientes para retirada, como vagões com fresas ou garfos mecânicos.
• Deixe o silo aberto durante o uso para evitar aquecimento embaixo da lona e só cubra à noite, quando encerrar os tratos.
• A temperatura da silagem não deve ultrapassar 28 ºC, independente da temperatura do ambiente.
Essas são as sete regras para você se orientar e produzir uma silagem de alta eficiência nutricional, contribuindo para uma alimentação de qualidade para os animais. Conte com a plataforma A Força da Silagem, da Pioneer® Sementes, para maximizar o potencial produtivo do seu rebanho.
Autor: Dimas Cardoso – Agronomia Pioneer Sul