10/02/2025

Impacto do momento de colheita da silagem de milho na rentabilidade da pecuária leiteira

Foto: Banco de Imagens Pioneer® 
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Bovinos se alimentam de silagem

O sucesso da silagem de milho, tanto em produtividade quanto em qualidade nutricional, depende de uma série de fatores que abrangem desde o planejamento alimentar, correções e adubações da cultura, plantio, manejo fitossanitário, colheita, processos de ensilagem, abertura do silo, amostragem para avaliação nutricional até a formulação de uma dieta mais eficiente. Isso é especialmente relevante, considerando que a alimentação representa cerca de 50% do custo de produção de leite e carne (Rehagro, 2022).

Entre esses fatores, um dos principais desafios para maximizar o potencial produtivo e nutritivo da silagem é determinar o momento ideal para a colheita. Muitas vezes, essa etapa é realizada por terceiros que priorizam a disponibilidade de agenda, desconsiderando o percentual ideal de matéria seca (MS) da cultura e estágio de maturação do grão. Essa prática resulta em perdas significativas, frequentemente imperceptíveis para os produtores.

Levantamento de colheita para silagem em duas regiões

De acordo com levantamentos realizados pela Pioneer® em duas regiões, no Paraná (PR) e em Minas Gerais (MG), apenas 45 a 48% dos produtores realizam a colheita do milho no momento ideal, independentemente do nível tecnológico (Gráfico 1). Entre os demais, de 22 a 36% antecipam a colheita, enquanto de 19 a 30% a realizam após o ponto ideal, o que resulta em perdas de matéria seca (MS) e qualidade nutricional da silagem.

Na região avaliada em Minas Gerais, as colheitas fora do momento ideal, em sua maioria, foram feitas abaixo de 30% de MS, principalmente por limitações operacionais. Isso se deve à escassez de colhedoras automotrizes, já que a maior parte das colheitas é realizada com colhedoras acopladas a tratores, equipamentos que, em geral, possuem menor capacidade de processamento.

Gráfico 1 - Percentual de matéria seca (MS) na colheita do milho para silagem em diferentes regiões produtoras | Fonte: Pioneer®.
Gráfico 1 - Percentual de matéria seca (MS) na colheita do milho para silagem em diferentes regiões produtoras | Fonte: Pioneer®.

 

No levantamento realizado no estado do Paraná, percebeu-se que a porcentagem de MS ideal de colheita para o híbrido P3016VYHR varia entre 32,7% e 34,9% (Gráfico 2). 

Gráfico 2 - Efeitos da época da colheita na produtividade e qualidade da silagem, P3016VYHR (PR) | Fonte: Pioneer®.
Gráfico 2 - Efeitos da época da colheita na produtividade e qualidade da silagem, P3016VYHR (PR) | Fonte: Pioneer®.

 

Nesta faixa, obteve-se os maiores rendimentos de matéria seca/ha, kg de leite/ha e kg de leite/t MS, bem como, os melhores índices bromatológicos, evidenciando sua máxima qualidade dentro desta janela ideal (Imagem 1 e Tabela 1).

Imagem 1 – Linha do leite do milho determina fase de desenvolvimento | Fonte: Pioneer®.
Imagem 1 – Linha do leite do milho determina fase de desenvolvimento | Fonte: Pioneer®.
Tabela 1 - Efeitos da época de colheita na produtividade e qualidade da silagem | Fonte: Colheitas Egon Horst; Análises: Labnutris 2023.
Tabela 1 - Efeitos da época de colheita na produtividade e qualidade da silagem | Fonte: Colheitas Egon Horst; Análises: Labnutris 2023.

 

Conclusões 

A partir dos dados levantados, é possível fazermos a análise das perdas financeiras decorrentes de colheitas fora da faixa ideal, conforme os dados abaixo.

Colheita precoce

  • Colheita na melhor fase 5.75 (linha de leite ¾ grão) = 45.518 litros de leite/ha
  • Colheita precoce 5.00 (grãos leitosos) = 34.594 litros de leite/ha
  • Diferença entre colher certo e colher cedo: - 10.924 litros de leite/ha
  • Valor da diferençada na produção: R$ 29.494,80 por ha (a R$ 2,70/l)

Colheita tardia

  • Colheita na melhor fase 5.75 (linha de leite ¾ grão) = 45.518 litros de leite/ha
  • Colheita tardia 6.00 (maturidade do grão) = 35.846 litros de leite/ha
  • Diferença entre colher certo e colher tarde: - 9.672 litros de leite/ha
  • Valor da diferença da produção: R$ 26.114,40 por ha (a R$ 2,70/l)

A colheita da silagem em estádios mais precoces (<30% de matéria seca) proporciona a impressão de maior produtividade de massa, maior facilidade no corte e melhor compactação. No entanto, essas vantagens são acompanhadas por uma redução significativa no teor de amido (responsável por 65% da energia presente na silagem), fermentações inadequadas devido ao excesso de umidade, formação de efluentes e perdas expressivas de matéria seca, que podem ultrapassar 20%. Ao comparar a colheita em 25% de matéria seca com o ponto ideal de 35% de matéria seca, conforme demonstrado, observa-se uma redução de aproximadamente 10.924 litros de leite por hectare em energia, correspondendo a um valor econômico próximo de R$ 30 mil por hectare.

Por outro lado, embora o impacto seja menos acentuado, a colheita tardia, com índices superiores a 42% de matéria seca, também acarreta perdas relevantes. Segundo as análises apresentadas, quando comparada ao ponto ideal de 35% de matéria seca, a colheita tardia pode resultar em uma redução de cerca de 9.672 litros de leite por hectare, equivalente a R$ 26 mil em energia. Esse prejuízo é atribuído à dificuldade de compactação da massa no silo, à redução da digestibilidade da fibra em detergente ácido (FDA) e à maior dificuldade no processamento dos grãos.

Portanto, recomenda-se que a colheita seja realizada dentro da janela ideal de 32% a 38% de matéria seca, a fim de maximizar o rendimento de matéria seca e assegurar a melhor qualidade bromatológica, garantindo condições adequadas das plantas para o processo de ensilagem.

Conclui-se, desta forma, que a época de colheita correta é fator fundamental para a rentabilidade da pecuária leiteira que utiliza a silagem como principal fonte de forragem.

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Autor: Dimas Cardoso, agrônomo Pioneer®