O sucesso da silagem de milho, tanto em produtividade quanto em qualidade nutricional, depende de uma série de fatores que abrangem desde o planejamento alimentar, correções e adubações da cultura, plantio, manejo fitossanitário, colheita, processos de ensilagem, abertura do silo, amostragem para avaliação nutricional até a formulação de uma dieta mais eficiente. Isso é especialmente relevante, considerando que a alimentação representa cerca de 50% do custo de produção de leite e carne (Rehagro, 2022).
Entre esses fatores, um dos principais desafios para maximizar o potencial produtivo e nutritivo da silagem é determinar o momento ideal para a colheita. Muitas vezes, essa etapa é realizada por terceiros que priorizam a disponibilidade de agenda, desconsiderando o percentual ideal de matéria seca (MS) da cultura e estágio de maturação do grão. Essa prática resulta em perdas significativas, frequentemente imperceptíveis para os produtores.
De acordo com levantamentos realizados pela Pioneer® em duas regiões, no Paraná (PR) e em Minas Gerais (MG), apenas 45 a 48% dos produtores realizam a colheita do milho no momento ideal, independentemente do nível tecnológico (Gráfico 1). Entre os demais, de 22 a 36% antecipam a colheita, enquanto de 19 a 30% a realizam após o ponto ideal, o que resulta em perdas de matéria seca (MS) e qualidade nutricional da silagem.
Na região avaliada em Minas Gerais, as colheitas fora do momento ideal, em sua maioria, foram feitas abaixo de 30% de MS, principalmente por limitações operacionais. Isso se deve à escassez de colhedoras automotrizes, já que a maior parte das colheitas é realizada com colhedoras acopladas a tratores, equipamentos que, em geral, possuem menor capacidade de processamento.
No levantamento realizado no estado do Paraná, percebeu-se que a porcentagem de MS ideal de colheita para o híbrido P3016VYHR varia entre 32,7% e 34,9% (Gráfico 2).
Nesta faixa, obteve-se os maiores rendimentos de matéria seca/ha, kg de leite/ha e kg de leite/t MS, bem como, os melhores índices bromatológicos, evidenciando sua máxima qualidade dentro desta janela ideal (Imagem 1 e Tabela 1).
A partir dos dados levantados, é possível fazermos a análise das perdas financeiras decorrentes de colheitas fora da faixa ideal, conforme os dados abaixo.
A colheita da silagem em estádios mais precoces (<30% de matéria seca) proporciona a impressão de maior produtividade de massa, maior facilidade no corte e melhor compactação. No entanto, essas vantagens são acompanhadas por uma redução significativa no teor de amido (responsável por 65% da energia presente na silagem), fermentações inadequadas devido ao excesso de umidade, formação de efluentes e perdas expressivas de matéria seca, que podem ultrapassar 20%. Ao comparar a colheita em 25% de matéria seca com o ponto ideal de 35% de matéria seca, conforme demonstrado, observa-se uma redução de aproximadamente 10.924 litros de leite por hectare em energia, correspondendo a um valor econômico próximo de R$ 30 mil por hectare.
Por outro lado, embora o impacto seja menos acentuado, a colheita tardia, com índices superiores a 42% de matéria seca, também acarreta perdas relevantes. Segundo as análises apresentadas, quando comparada ao ponto ideal de 35% de matéria seca, a colheita tardia pode resultar em uma redução de cerca de 9.672 litros de leite por hectare, equivalente a R$ 26 mil em energia. Esse prejuízo é atribuído à dificuldade de compactação da massa no silo, à redução da digestibilidade da fibra em detergente ácido (FDA) e à maior dificuldade no processamento dos grãos.
Portanto, recomenda-se que a colheita seja realizada dentro da janela ideal de 32% a 38% de matéria seca, a fim de maximizar o rendimento de matéria seca e assegurar a melhor qualidade bromatológica, garantindo condições adequadas das plantas para o processo de ensilagem.
Conclui-se, desta forma, que a época de colheita correta é fator fundamental para a rentabilidade da pecuária leiteira que utiliza a silagem como principal fonte de forragem.
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Autor: Dimas Cardoso, agrônomo Pioneer®