03/02/2025

Exaustão, quebramento e podridão de colmo: como fazer um controle eficiente?

Foto: Shutterstock 
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Imagem apresenta uma plantação de milho, com foco na área de colmos

Com o aumento das áreas plantadas de milho no Brasil, um dos problemas que os produtores de milho têm enfrentado é o manejo de doenças. As doenças do milho podem causar danos às folhas, grãos e colmos, diminuindo o potencial produtivo da lavoura. Na última safra, foi possível observar sintomas de doenças em folhas e grãos, além do aumento da ocorrência da podridão do colmo do milho.

Na última safra, na região da BR-163, no Mato Grosso, as temperaturas elevadas (figura 1) e os altos volumes de chuva (figura 2) proporcionaram condições ideais para o surgimento de doenças como Bipolaris, Diplodia e Fusarium. Outros fatores que favorecem a ocorrência dessas doenças são os plantios sucessivos, a adoção do Sistema de Plantio Direto sem rotação de culturas e o uso de híbridos suscetíveis.

Temperaturas máximas e mínimas no ano de 2024, no período de 1º de janeiro a 30 de junho na região de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde
Figura 1 - Análise do período entre 1º de janeiro e 30 de junho | Fonte: Location Weather History 1.9.04 (corteva.com).
Temperaturas máximas e mínimas no ano de 2024, no período de 1º de janeiro a 30 de junho na região de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde
Figura 1 - Análise do período entre 1º de janeiro e 30 de junho | Fonte: Location Weather History 1.9.04 (corteva.com).
Figura 2 - Análise do período de 1º de janeiro a 30 de junho | Fonte: Location Weather History 1.9.04 (corteva.com).
Figura 2 - Análise do período de 1º de janeiro a 30 de junho | Fonte: Location Weather History 1.9.04 (corteva.com).

As podridões do colmo destacam-se entre as mais importantes doenças do milho no mundo, pois reduzem o rendimento e a qualidade dos grãos. Podem ocorrer tanto na safra de verão quanto na segunda safra.

Os patógenos, além de causarem danos nos colmos, também atacam as folhas e os grãos. Entre eles estão: Colletotrichum graminicola, Stenocarpella maydis, Stenocarpella macrospora, Macrophomina phaseolina, Fusarium verticillioides e Fusarium graminearum. Esses fungos sobrevivem no solo e em restos de cultura, aumentando, assim, os inóculos nas áreas de cultivo.

Exaustão, quebramento e podridão

As diferenças e conexões entre exaustão, quebramento e podridão no colmo do milho envolvem causas distintas e consequências interligadas. A podridão é causada por fungos que atacam os tecidos do colmo, comprometendo sua integridade estrutural e podendo resultar no quebramento.

Já a exaustão refere-se ao enfraquecimento do colmo, que pode ser provocado pela falta de água, deficiências nutricionais ou mesmo como efeito secundário da podridão. Nesse estado, o colmo apresenta sinais de murchamento, e sua fragilidade pode ser testada pressionando-o com os dedos. Contudo, nem toda planta exaurida chega ao ponto de quebrar.

O quebramento, por sua vez, é o rompimento físico do colmo, que ocorre quando a estrutura não suporta mais o peso ou outras pressões externas. Esses fenômenos, isolados ou combinados, afetam diretamente o potencial produtivo da lavoura.

As principais fases críticas para a ocorrência da podridão do colmo no milho são: o período reprodutivo, especialmente durante a fase de enchimento de grãos, e a pré-colheita. No período reprodutivo, a planta transloca os fotoassimilados das folhas e do colmo para o enchimento dos grãos, o que pode levar à exaustão do colmo e favorecer o quebramento das plantas. Já na fase de pré-colheita, o risco de quebramento aumenta quando a colheita é atrasada, pois muitos produtores preferem colher os grãos com umidade abaixo de 20%. Nessa etapa, os colmos tornam-se mais secos e suscetíveis ao quebramento. Na literatura, alguns estudos relatam incidências de podridão do colmo acima de 40%, com aumento significativo em áreas de monoculturas.

Principais patógenos que causam podridão do colmo

Fusarium sp.

A podridão causada por Fusarium sp. (figura 3) provoca o escurecimento dos tecidos na parte externa e uma coloração rosada na parte interna, tornando a planta frágil e suscetível ao tombamento. Também pode ocorrer a morte prematura da planta. Esses fungos multiplicam-se e sobrevivem por longos períodos nos restos de cultura, podendo reduzir o potencial produtivo em 10% a 40%.

Figura 3 - Sintoma de podridão do colmo de milho causado por Fusarium sp., 2024 | Foto: Erica Moreira.
Figura 3 - Sintoma de podridão do colmo de milho causado por Fusarium sp., 2024 | Foto: Erica Moreira.

Stenocarpella spp.

A ocorrência de Stenocarpella spp. (figura 4) é favorecida por temperaturas próximas a 30 °C e alta umidade. Plantas infectadas apresentam, no colmo - próximo aos entrenós inferiores -, lesões marrom-claras, quase negras, onde é possível observar a presença de picnídios. O fungo sobrevive nos resíduos do colmo de milho. A infecção resulta na redução da produtividade, no menor peso dos grãos devido à morte prematura da planta e pode causar o quebramento do colmo, dificultando a colheita.

Figura 4 - Sintoma de podridão do colmo de milho causada por Stenocarpella, 2024 | Foto: Erica Moreira.
Figura 4 - Sintoma de podridão do colmo de milho causada por Stenocarpella, 2024 | Foto: Erica Moreira.

Antracnose

A antracnose (figura 5) está presente em todas as regiões produtoras de milho, com maior frequência nas áreas de milho safrinha. Diferentemente do Fusarium e da Stenocarpella, a antracnose pode ocorrer durante todo o ciclo da cultura. No colmo, formam-se lesões encharcadas, de coloração marrom-escura a negra. Internamente, o colmo apresenta coloração marrom-escura e pode se desintegrar, levando a planta à morte prematura e ao acamamento. As perdas de produtividade podem alcançar 40%.

Figura 5 - Sintoma de antracnose no colmo de milho, 2024 | Foto: Corteva Agriscience.
Figura 5 - Sintoma de antracnose no colmo de milho, 2024 | Foto: Corteva Agriscience.

Macrophomina phaseolina

O fungo Macrophomina phaseolina é favorecido por altas temperaturas (37 °C) e baixa umidade no solo. A infecção das plantas começa pelas raízes e ocorre principalmente em períodos secos. Os sintomas tornam-se visíveis nos entrenós inferiores após a polinização. Internamente, o tecido da medula se desintegra, restando intactos apenas os vasos lenhosos (figura 6), sobre os quais é possível observar a presença de escleródios. As plantas infectadas podem sofrer quebramento.

Figura 6 - Sintoma de podridão do colmo de milho causada Macrophomina, 2024 | Foto: Ligia Videira.
Figura 6 - Sintoma de podridão do colmo de milho causada Macrophomina, 2024 | Foto: Ligia Videira.

Manejo e estratégias para reduzir os danos da podridão do colmo

O principal dano causado pela podridão do colmo é a morte prematura das plantas, resultando no acamamento, redução na qualidade dos grãos e, consequentemente, em baixas produtividades. Não existe uma medida única para o controle das podridões do colmo, sendo necessário adotar um conjunto de práticas para minimizar seus danos.

Entre essas medidas estão a escolha de híbridos mais tolerantes, o uso de sementes certificadas e de boa qualidade, o manejo adequado do solo, a adubação equilibrada com uma boa relação N/K, a colheita no momento ideal, o controle de pragas e doenças, a rotação de culturas e a aplicação de fungicidas nas fases iniciais, conforme recomendação técnica de um agrônomo.

Além disso, o tratamento de sementes com fungicidas é essencial para o desenvolvimento inicial das plântulas. A Pioneer Sementes oferece a tecnologia LumiGEN®, que proporciona proteção às plantas nos estágios iniciais de desenvolvimento contra as principais pragas de solo, contribuindo para o melhor desempenho da lavoura.

Híbridos de alta resistência

Os híbridos P3601PWU e P3808VYHR da Pioneer® Sementes destacam-se por suas características agronômicas superiores, especialmente no que diz respeito à robustez do colmo. Ambos apresentam colmos vigorosos e bem desenvolvidos, conferindo maior resistência ao quebramento. Essa robustez estrutural é fundamental para suportar adversidades climáticas, como ventos fortes e chuvas intensas, favorecendo a integridade das plantas até o momento da colheita.

Além da resistência física, esses híbridos exibem excelente tolerância à exaustão do colmo. Essa característica permite que as plantas mantenham sua estrutura e funcionalidade mesmo em condições de estresse, como déficit hídrico ou alta pressão de doenças. A capacidade de manter o colmo saudável durante todo o ciclo produtivo reduz perdas e assegura uma colheita mais eficiente e de qualidade superior.

Outra vantagem significativa é o efeito "stay green" presente nesses híbridos. Essa característica refere-se à manutenção da coloração verde das folhas e colmos por um período prolongado durante o ciclo da cultura. O "stay green" indica uma planta com metabolismo ativo por mais tempo, possibilitando maior acúmulo de nutrientes e enchimento de grãos. Para os produtores, isso se traduz em maior janela de colheita, flexibilidade no planejamento e potencial incremento na produtividade final.

Autora: Erica Moreira, agrônoma de campo Pioneer® Sementes – Nova Mutum/MT

Referências

CRUZ, I. Manejo de pragas da cultura do milho. In: CRUZ, J.C.; KARAM, D.; MONTEIRO, M.A.R. et al. (Eds.). A cultura do milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2008a., p.303-362.

WORDELL FILHO, J. A.; RIBEIRO L. P.; CHIARADIA, L. A.; MADALOZ, J. C.; NESI, C. N. Pragas e doenças do milho: diagnose, danos e estratégias de manejo. Boletim Técnico, 170, P.88, 2016.

WORDELL FILHO, J. A.; STADNIK, M. J.; DAVALOS, E. D. Podridões da base do colmo na cultura do milho: sintomas e medidas de controle. Agropecuária Catarinense, v.21, n.1, p. 47-49, 2008.