O entendimento de como acontece o acúmulo de MS na planta e do amido nos grãos, bem como a maturação do grão e a perda de umidade, pode auxiliar técnicos e produtores na organização e planejamento da operação de corte, com a finalidade de levar ao silo a planta com o máximo de qualidade nutricional. Na figura 1 destacamos os estádios fenológicos entre R2 e R6, o que corresponde desde a formação, enchimento, até a maturação fisiológica da planta de milho.
Dependendo d híbrido, das condições climáticas durante o desenvolvimento da lavoura e das práticas de manejo, a planta inteira deve atingir 30% de MS entre quatro e seis semanas após o florescimento (R1).
O estádio de R5 se divide em quatro sub estádios, de acordo com o processo de enchimento de grãos: R5, R5.25, R5.5 e R5.75. A planta deve permanecer de dez a quinze dias neste período até atingir a maturação fisiológica. É fundamental que a ensiladeira, carretas e/ou caminhões estejam sempre de prontidão para cortar e transportar as plantas para o silo, atendendo a fase e o processamento de corte adequados.
Para facilitar a visualização, a espiga da planta em estádio definido de R5 apresenta os grãos “dentados”, ou seja, ocorre uma depressão na extremidade dos grãos devido à redução da umidade, acúmulo e aumento de amido nos grãos. Veja na figura 3, grãos com “dente” já formado na sua extremidade.
O grão apresenta aproximadamente 60% de umidade no início do R5 e a linha do leite é a zona de separação entre a porção branca e pastosa próxima ao sabugo e a porção sólida do amido na extremidade do grão. Também em R5, as espigas apresentam folhas verde-pálido e as bordas marrom claro, conforme pode ser observado na figura 4.
Também é comum para milho acumular de 0.5 a 1.0 ponto de amido por dia até o grão atingir a maturação fisiológica. O acúmulo de amido contribui significativamente na redução de umidade da planta inteira e aumenta a concentração da energia da silagem.
Para realizar a simples identificação da linha do leite, corte no sentido longitudinal do grão no lado contrário ao embrião, e observe internamente. À medida que a planta avança dentro do estádio de R5, a porção sólida de amido se move em direção ao sabugo e o grão vai maturando.
Conforme já mencionado, os grãos de milho em R5 são designados pela progressão da linha do leite: 1/4, 1/2, e 3/4. Observar a progressão da linha do leite é uma boa forma de estimar o desenvolvimento do grão, entretanto, isto não tem correlação direta com o acúmulo de MS. A progressão da linha do leite e o tempo requerido entre cada sub fase R5, R5.25, R5.5 e R5.75 (figura 5), varia de acordo com temperatura, umidade e ciclo do híbrido. O tempo ou período necessário para chegar em R6 a partir de 3/4 da linha do leite é significativamente maior do que entre os outros sub estágios.
O acúmulo de MS do grão representa aproximadamente 45% do total do peso seco no início de R5, deixando mais da metade para ser acumulado durante o restante do período. Quando os grãos atingem o estádio de R5.5 (1/2 da linha do leite), aproximadamente 90% do total da matéria seca do grão já existe. A ocorrência de estresses ambientais durante R5 resulta na redução de carboidratos providos pela planta, o que implica na redução de peso dos grãos e, consequentemente, em menor produção de amido.
Com avanços no melhoramento genético, aperfeiçoamento das práticas de manejo e, principalmente, com o uso de fungicidas foliares, temos observado, em muitas situações, que lavouras com espigas com os grãos na metade da linha do leite ainda não atingiram 30% de matéria seca. Isto ocorre porque lavouras bem conduzidas têm mantido as plantas ainda verdes na fase de enchimento de grãos. Cortes antecipados, ou quando a planta ainda está abaixo do teor de 30% de matéria seca, reduzem significativamente o conteúdo de amido da silagem.
Conforme já citado, à medida que o desenvolvimento do grão avança dentro das sub fases do estádio R5, o conteúdo do amido vai aumentando nos grãos. Em estudos recentes, Seglar et al., (2014) citado por Mahanna (2015), mostra que silagens colhidas entre a fase de R5.5 ou metade da linha do leite até R5.75 ou 3/4 da linha do leite, apresentaram 24% do peso de grãos e 27% em ganho de amido.
Existem alguns métodos e/ou equipamentos bastante conhecidos para verificar a MS da planta para a correta tomada de decisão de iniciar o corte. Entre os métodos mais conhecidos estão a determinação da matéria seca em micro-ondas e o método de Koster.
Sempre que possível, o produtor deve buscar ou solicitar a seu técnico a determinação correta do conteúdo de matéria seca de sua lavoura para cortar a planta no ponto mais correto possível. Porém, na grande maioria das situações, o produtor não dispõe destes métodos na propriedade, então como medida prática, para auxiliar na tomada de decisão, é sugerido para silagem de planta inteira, que lavouras de boas condições sejam colhidas com o grão em, aproximadamente, 2/3 da linha do leite (figura 6), uma vez que nesta fase a planta estará muito próxima de ter atingido 30% de matéria seca e já capturado bons conteúdos de amido.
É importante ressaltar que não podemos esquecer dos cuidados na operação de corte, atentando para a regulagem adequada da ensiladeira, sendo ela automotriz ou movida a trator. As regulagens devem ser apropriadas para o teor de matéria seca da lavoura que está sendo colhida, atendendo ao tamanho das partículas e ao adequado processamento ou quebramento de grãos.